Geórgia, Rússia: O que vem em seguida?

O presidente russo Dmitry Medvedev anunciou o fim da chamada operação de “imposição de paz” ontem. LJ user varfolomeev66Vladimir Varfolomeev, jornalista da Rádio Echo de Moscou – pergunta em seu blogue: “O que virá em seguida?”

Ele escreveu [rus]:

Não estou me referindo à Geórgia dessa vez.

O governo russo usou cada momento de crise como motivo para mais um apertar de parafusos e fortalecimento de suas próprias posições. Depois do [bombardeio de prédios em Moscou em 1999] [en], a [Segunda Guerra da Chechênia] [en] teve início, e Putin alcançou o poder. Depois [do desastre do submarino em 2000 em Kursk] [en] seguido do [cerco ao teatro Nord-Ost em 2002] [en], da eliminação dos [Canais de TV ORT e NTV] [en]. Depois do [Massacre da escola de Beslan em 2004], as eleições locais foram canceladas.

O que esse regime está aprontando agora?

Seguem abaixo alguns comentários nessa postagem:

oleg_kozyrev:

- Controle da internet

varfolomeev66:

Considerando que não tem mais nada fora de controle, isso é bem possível.

humanist_us:

Eles vão apertar os últimos parafusos da internet.

E [a Rádio Echo de Moscou] ;)

Embora certamente você não tenha tentado chatear os dois anões [com sua cobertura da crise]

Blogando de Tbilisi, Oleg Panfilov, usuário oleg-panfilov do LJ, do Centro para Jornalismo em Situações Extremaspostou um resumo do dia em seu blog [rus] sobre o que a crise de cinco dias pode vir a significar para a Geórgia em termos políticos:

Hoje foi o dia das emoções.

Primeiro, uma manifestação imensa no centro de Tbilisi e pessoas chorando durante Saakashvili.

Depois, um dia de espera enquanto os políticos estavam debatendo e expressando opiniões sobre a Geórgia e suas relações com a Rússia.

E finalmente a saída de Geórgia [da CEI, a Comunidade dos Estados Independentes da antiga União Soviética]. Por enquanto, em forma de um discurso político, mas depois de um tempo, em questão de dias, a Rússia se tornará automaticamente uma força ocupadora não apenas formalmente, mas também legalmente, porque perderá o status de “força de paz” da CEI. E então, de acordo com todas as leis internacionais, qualquer presença de tropas [da Rússia] nos territórios da Ossétia do Sul e Abkhazia poderá ser reconhecida como ilegal.

Em outras palavras, mais uma aventura militar acabou [dando em nada].

Eu não sei que tipo de raciocínio os comandantes militares russos seguiram (claro, se é que houve de fato algum tipo de raciocínio), mas a Geórgia conseguiu resistir e evitou voltar a um estado em que se encontrava nos tempos da União Soviética. Ou seja, um estado de [”grande churrascaria shashlyk” [en]] para usar a nomenclatura  russa.

Se analisarmos o que aconteceu, encontraremos muitos argumentos tanto a favor da Geórgia quanto a favor dos métodos imperiais do Kremlin dos dias de hoje. Uma coisa é clara, no entanto – A Geórgia não se transformará em um país diferente, ela provou da liberdade nos últimos anos, apesar do fato de que muitas pessoas não gostarem dela.

Agora depende dos outros remanescentes do império soviético decidir se querem continuar vivendo na forma que estão ou aprenderão com a  Geórgia.

Amanhá será outro dia de espera.

Veja abaixo alguns comentários:

mormegil11:

A Geórgia perdeu a Ossétia do Sul e Abkhazia. Quando a euforia acabar, o cotidiano cinzento da vida começará – sem transferências de dinheiro de [parentes trabalhando em] Moscou, sem acesso ao mar e conexão aérea para transporte [com a Rússia], sem bancos em funcionamento – e aí o tamanho da catástrofe será maior do que o tamanho da multidão ingênua e agitada na manifestação.

Essa guerra não tem [ganhadores ou perdedores]. Existe culpa, um enorme sentimento de culpa diante dos mortos: georgianos, russos, ossetianos, ucranianos, holandeses… e o que é a entrada na CEI ou na OTAN, ou em qualquer lugar, comparada com essa culpa.

rousyn:

“sem transferências de dinheiro de [parentes trabalhando em] Moscou”

Re-orientação da imigração da força de trabalho para o ocidente? É esse o progresso dele? […]

realpushkin:

Oleg, infelizmente você está errado. […]

1) Os países da OTAN e os aliados em geral não vão se meter em uma guerra com a Rússia, caso aconteça novamente – isso é [contra-produtivo] para todos.

2) Abkhazia e Ossétia do Sul não se tornarão parte da Geórgia, nem mesmo como regiões autônomas – é mais fácil que a Rússia reconheça a independência delas.

3) Está provado que civis morreram em Tskhinvali [por causa do sistema de lançamentos múltiplos de mísses] – Saakashvili não terá a chance de entrar [em organização alguma]. […]

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