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Angola: Expectativa na contagem regressiva para as eleições

Categorias: África Subsaariana, Angola, Eleições, História, Mídia Cidadã, Política

Falta menos de um mês para que Angola viva um dos episódios mais esperados da sua história. Dezasseis anos depois, os angolanos terão a oportunidade de exercer o seu direito de voto nas próximas eleições legislativas a decorrer de 5 a 6 de Setembro.

O ambiente é de tranquilidade, embora existam sentimentos diversos entre a população. Os mais abastados dizem que vão para o estrangeiro, outros sorriem e garantem que nada vai acontecer já que os angolanos não querem mais guerra e sofrimento e outros ainda acorrem às lojas a fim de comprarem bens de primeira necessidade, não vá o diabo tecê-las e as coisas dêem para o torto como aconteceu em 1992. É de recordar que na época a UNITA [1] – maior partido da oposição – contestou os votos, o que levou ao reacender da guerra civil [2] que teve o seu término dez anos depois, com a morte do carismático líder daquele partido, Jonas Savimbi [3].

Em relação aos empresários estrangeiros sediados em Angola, não existe a intenção por parte destes em voltar aos países de origem. Entre a comunidade empresarial existe a certeza de que tudo permanecerá na mesma após as eleições e que não será necessário mudar os compromissos profissionais. Jotacê Carranca [4] [pt] tece a seguinte opinião:

“depois do primeiro processo eleitoral que foi completamente frustrante e traumatizante, aproxima-se a passos largos as segundas eleições legislativas em Angola. Se para muitos este processo é o renovar de esperanças e sinónimo da consolidação da democracia em todo o país, para outros, nas zonas rurais e naquelas províncias que sofreram de forma violenta, directa e dramática as consequências da guerra pós-eleitoral de 1992, penso que prevalece um sentimento de medo, insegurança, pessimismo e incredibilidade em relação aos benefícios que este processo pode trazer para a vida de todos os cidadãos. Nestas zonas há a necessidade de se fazer um valoroso trabalho de descomplexar, um processo que tem influência para além da política, estética, cultura, religiosa e filosófica. Há que transmitir a consciência social e individual. A unanimidade de opiniões dos eleitores também é um factor que favorece o comportamento fácil, promíscuo e propicia a inexistência de opiniões divergentes. Assim, a influência do grupo é um importante elemento explicativo da escolha eleitoral. De acordo com esta perspectiva, ganha importância a figura do líder de opinião. O líder de opinião de determinado grupo social consegue comunicar-se com os seus iguais, influenciado na tomada de decisão do voto. Ele possui uma posição central no grupo a que pertence e isto garante-lhe melhores condições de recepção das informações e difusão de opiniões”.

O presidente angolano José Eduardo dos Santos já veio a público apelar à calma e à organização em dias de voto, afirmando que “é fundamental que seja completamente garantida a segurança dos cidadãos e a protecção dos seus bens, pois a ordem pública é uma condição indispensável”. O dirigente acrescentou ainda que é necessário haver “respeito pela opinião e ideias alheias” sem ser necessário o uso de “violência verbal ou física”.

Esperemos pois que os cerca de 8,3 milhões de eleitores possam votar num ambiente ordeiro e perfeitamente lúcidos em relação ao voto. Existem mais de 12 mil assembleias de voto disseminadas por todo o território nacional. Entretanto Angola vive já a todo o gás a campanha eleitoral levada a cabo pelos nove partidos. Para mais informação acerca da linha política de cada um dos nove partidos [5] aceda ao blog de Eugénio Costa Almeida [6] [pt].