Angola: Expectativa na contagem regressiva para as eleições

Falta menos de um mês para que Angola viva um dos episódios mais esperados da sua história. Dezasseis anos depois, os angolanos terão a oportunidade de exercer o seu direito de voto nas próximas eleições legislativas a decorrer de 5 a 6 de Setembro.

O ambiente é de tranquilidade, embora existam sentimentos diversos entre a população. Os mais abastados dizem que vão para o estrangeiro, outros sorriem e garantem que nada vai acontecer já que os angolanos não querem mais guerra e sofrimento e outros ainda acorrem às lojas a fim de comprarem bens de primeira necessidade, não vá o diabo tecê-las e as coisas dêem para o torto como aconteceu em 1992. É de recordar que na época a UNITA – maior partido da oposição – contestou os votos, o que levou ao reacender da guerra civil que teve o seu término dez anos depois, com a morte do carismático líder daquele partido, Jonas Savimbi.

Em relação aos empresários estrangeiros sediados em Angola, não existe a intenção por parte destes em voltar aos países de origem. Entre a comunidade empresarial existe a certeza de que tudo permanecerá na mesma após as eleições e que não será necessário mudar os compromissos profissionais. Jotacê Carranca [pt] tece a seguinte opinião:

“depois do primeiro processo eleitoral que foi completamente frustrante e traumatizante, aproxima-se a passos largos as segundas eleições legislativas em Angola. Se para muitos este processo é o renovar de esperanças e sinónimo da consolidação da democracia em todo o país, para outros, nas zonas rurais e naquelas províncias que sofreram de forma violenta, directa e dramática as consequências da guerra pós-eleitoral de 1992, penso que prevalece um sentimento de medo, insegurança, pessimismo e incredibilidade em relação aos benefícios que este processo pode trazer para a vida de todos os cidadãos. Nestas zonas há a necessidade de se fazer um valoroso trabalho de descomplexar, um processo que tem influência para além da política, estética, cultura, religiosa e filosófica. Há que transmitir a consciência social e individual. A unanimidade de opiniões dos eleitores também é um factor que favorece o comportamento fácil, promíscuo e propicia a inexistência de opiniões divergentes. Assim, a influência do grupo é um importante elemento explicativo da escolha eleitoral. De acordo com esta perspectiva, ganha importância a figura do líder de opinião. O líder de opinião de determinado grupo social consegue comunicar-se com os seus iguais, influenciado na tomada de decisão do voto. Ele possui uma posição central no grupo a que pertence e isto garante-lhe melhores condições de recepção das informações e difusão de opiniões”.

O presidente angolano José Eduardo dos Santos já veio a público apelar à calma e à organização em dias de voto, afirmando que “é fundamental que seja completamente garantida a segurança dos cidadãos e a protecção dos seus bens, pois a ordem pública é uma condição indispensável”. O dirigente acrescentou ainda que é necessário haver “respeito pela opinião e ideias alheias” sem ser necessário o uso de “violência verbal ou física”.

Esperemos pois que os cerca de 8,3 milhões de eleitores possam votar num ambiente ordeiro e perfeitamente lúcidos em relação ao voto. Existem mais de 12 mil assembleias de voto disseminadas por todo o território nacional. Entretanto Angola vive já a todo o gás a campanha eleitoral levada a cabo pelos nove partidos. Para mais informação acerca da linha política de cada um dos nove partidos aceda ao blog de Eugénio Costa Almeida [pt].

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