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Sudeste da Ásia: Crise dos Preços do Arroz e Outros Alimentos

Categorias: Leste da Ásia, Brunei, Camboja, Cingapura (Singapura), Filipinas, Indonésia, Malásia, Tailândia, Vietnã (Vietname), Alimentação, Desastre, Desenvolvimento, Direitos Humanos, Economia e Negócios, Esforços Humanitários, Governança, Meio Ambiente, Mídia Cidadã, Política, Primeira Mão, Relações Internacionais, Saúde

Os preços do arroz e de outros itens básicos da alimentação estão subindo. A crise global dos preços de alimentos está afetando milhões ou talvez bilhões de pessoas. É um desafio para as políticas de alimentos. Os governos estão aplicando medidas de emergência para acalmar seus eleitores inquietos. A região sudeste da Ásia, que abriga várias economias emergentes e em desenvolvimento, também está se esforçando para lidar com a situação.

O blog For want of a better title [1] de certa forma resume o problema da região:

o maior problema com a subida do preço do arroz é que é mais um erro de distribuição, que um problema com as safras. Tem mais a ver com política que com agricultura… Ainda assim, o que provavelmente vai acontecer é um aumento ainda maior nos preços do arroz. A questão é que, quando se trata de um produto necessário, a subida de preço, faz com que as pessoas comprem ainda mais. E uma vez que elas estão gastando mais em arroz, elas gastam menos em outras coisas que acompanham o arroz.

Até mesmo Cingapura, um dos países mais ricos da Ásia, está agora lutando para oferecer alimentos a preços baixos, conforme noticiado pelo blog Singapore News Alternative. [2]

Países exportadores de arroz também estão em pânico. O site de notícias Thanh Nien [3] comenta que “a febre do arroz continua subindo em várias províncias vietnamitas”. O blog Details are Sketchy [4] se preocupa com a previsão de que, em questão de semanas, quase meio milhão de crianças no Camboja não poderão mais fazer todas as refeições, como resultado da subida do custo do arroz.

O blog Vuthasurf [5] descreve o sentimento geral em Phnom Penh (capital do Camboja):

O preço do arroz vem aumentando consideravelmente em Phnom Penh. Por conta disto, os moradores da cidade têm comprado e estocado o produto. O preço de todos os tipos de arroz está subindo muito rápido deixando os cambojanos preocupados. Em todo o país, o preço do arroz está subindo mais de 20% comparado ao ano anterior. Esta subida de preço do arroz está ajudando os produtores, mas está afetando os pobres como trabalhadores têxteis, professores, funcionários públicos que têm baixa renda.

Mas o governo cambojano está otimista em relação ao crescimento da produção de arroz. O blog Im Sokthy [6] explica:

O Camboja tem cerca de 2 milhões de hectares de terra para produção de arroz. O sistema de irrigação existente pode cobrir 30% da área. Pode haver uma expansão para 3 milhões de hectares de produção de arroz. Além disso, o Camboja poderia cultivar cerca de 2 a 3 vezes por ano nas mesmas áreas. Baseado nisso, nota-se que o Camboja tem potencial para se tornar o maior país exportador de arroz do mundo.

O blog Youthful Insight [7] atenta para uma anomalia na formulação de políticas públicas na Indonésia, o que é aplicável também a outros países:

De um lado, o governo tem que manter a inflação e o preço dos alimentos baixos o suficiente para que isso não afete os mais pobres. Mas por outro lado, o governo tem que manter um preço razoavelmente alto para incentivar os donos de terras a aumentar a produção e aumentar a qualidade de vida rural. É possível que alguma política atinja ambos os objetivos acima? Sim! Dando um bom apoio financeiro aos proprietários terra como os países desenvolvidos estão fazendo. O problema é que o nosso governo não tem o dinheiro para fazer isso.

Alimentos a preços baixos são bons para a população urbana mais pobre, que tem como principal fonte de renda os setores de serviços e de manufaturados. Mas é ruim para a população pobre do campo, que tem como principal fonte de renda a agricultura. Baixar os preços dos alimentos significa baixar os rendimentos e a qualidade e vida da área rural. O governo sacrifica o campo em prol da cidade. Por que? Porque os pobres urbanos são politicamente mais atraentes que os pobres rurais.

New Mandala [7] menciona o debate em curso na Tailândia sobre o quanto os produtores irão se beneficiar com a alta dos preços do arroz. Thailand Crisis [8] se surpreende com a fala do Primeiro Ministro tailandês estimulando as pessoas a comer menos para que a Tailândia possa exportar mais.

The Malaysian [9] cita um político que está pedindo ao governo da Malásia para interromper a missão espacial para que o dinheiro possa ser usado no desenvolvimento de Sabah como um estado produtor de alimentos.

O jornalista filipino Ricky Carandang [10] aponta outro motivo para a subida dos preços:

Sim, existe mesmo influência dos fatores de oferta e demanda elevando os preços do arroz, mas deve-se admitir que, em grande parte, o aumento nos preços do petróleo, do ouro e do arroz se devem a especulação no mercado internacional de commodities.”

Lengua et Pluma [11] culpa as políticas econômicas do presidente filipino:

O governo é rápido em culpar os comerciantes , quando o que está por trás são suas políticas que preparam o terreno para operações de cartel e o declínio da produção de arroz no país . Esta crise que ocasionou uma dependência excessiva da importação de alimentos, e uma agricultura se baseia principalmente na produção de alimentos in natura para exportação, chamou a atenção para problemas de longa data, que atrapalham nossa agricultura e os produtores rurais. Entre eles: falta de irrigação, falta de subsídios para os produtores, uso da terra e rotação da culturas, e o monopólio da terra por poucos proprietários e corporações transnacionais.

Local Freakonomics [12] tem esperanças que o governo de Brunei continue subsidiando o preço de itens de alimentação básica:

Eu nem espero que o governo subsidie todos os alimentos. O que eu espero é que alguns subsídios aos preços de alimentos ou pacotes de segurança alimentar estejam sendo planejados para a alimentação básica de Brunei (alem de arroz e açúcar), como óleo de cozinha, farinha de trigo, leite, ovos, frango.

Artigos relacionados: Southeast Asia and rising price of rice [13]