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Cuba: Las Damas de Blanco

Categorias: América Latina, Cuba, Ativismo Digital, Direitos Humanos, Liberdade de Expressão, Mídia e Jornalismo, Migração e Imigração, Política, Protesto, Relações Internacionais

” ‘Eles estão morrendo, eles estão morrendo’ foi o lamento de um grupo de mulheres vestidas de branco que tentavam se manifestar pacificamente em Havana…” – Ninety miles away…. in another country [1]

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Esse foi o assunto mais discutido na blogosfera cubana nesta última semana: a detenção [2] de Las Damas de Blanco [3] em uma manifestação pacífica pela libertação de seus maridos, presos pelo regime de Castro.

Como que para reforçar o impacto, Free Thoughts [4] postou uma série de fotos assim como vídeos do incidente, enquanto na Revista de Asignaturas Cubanas [5] [es], Laura Pollán, uma Dama de Blanco, também postou algumas fotografias tiradas por Bárbara Jiménez, com descrições, do grupo de mulheres antes de serem removidas.

Child of the Revolution [6] examina o papel da mídia em dar forma às percepções do evento:

The whole shameful episode was captured by a handful of foreign media journalists in Havana and broadcast to the rest of the world, although in the scheme of things, the coverage was fairly limited.

Now, two days later, the regime has used its media apparatus to attack the Damas de Blanco directly. Instead of doing what they normally do and ignore the demonstration, the regime has publicly accused the women of being subversive elements and mercenaries doing the bidding of, yes, those nasty Americans.

Todo o vergonhoso episódio foi captado por um grupo de jornalistas estrangeiros em Havana e transmitido ao resto do mundo, embora colocado na correta proporção, a cobertura foi bastante limitada.

Agora, dois dias depois, o regime tem usado seus aparatos de mídia para atacar as Damas de Blanco diretamente. Ao invés de fazer o que normalmente faz e ignorar a manifestação, o regime tem publicamente acusado as mulheres de serem elementos subversivos e mercenários realizando uma ação, sim, daqueles americanos sujos.

Em seguida, ele explica que: [7]

The women have now accused the Castro regime of spying on them, following the broadcast by the official media of telephone conversations between some of the Damas de Blanco and a US congresswoman…

Agora, as mulheres acusam o regime de Castro de as espionarem, com base na transmissão pela mídia oficial de conversas telefônicas entre algumas das Damas de Blanco e uma mulher do congresso dos EUA.

The Cuban Triangle [8] faz menção a uma reportagem da BBC de Havana (Sp) que “coloca a ação no contexto de uma atividade de oposição”:

The Damas, correspondent Fernando Ravsberg writes, are “the only dissident group that undertakes street activities. The bulk of the opposition has limited itself to working indoors, with press conferences, meetings, and statements.” Ravsberg describes divisions within the movement regarding political issues and tactics in the face of a government that “practically every week announces changes, the large majority of which are well received by the public.” The movement, he writes, is “small, divided, and with very little social influence.”

I’m sure that many will read that as criticism, but Ravsberg is leading to an interesting question. If changes in Cuba continue, and especially if additional changes materially affect all Cubans, not only those with hard currency to spend, will that change the political context in which the opposition operates? Will it change tactics? Should it?

As Damas, o correspondente Fernando Ravsberg escreve, são “o único grupo dissidente que desenvolve atividades nas ruas. Grande parte da oposição se limitou a trabalhar de portas fechadas, com conferências de imprensa, reuniões e declarações.”

Ravsberg descreve as divisões dentro do movimento considerando questões políticas e táticas em face a um governo que “praticamente toda semana anuncia mudanças, as quais a grande maioria é bem recebida pelo público.” O movimento, ele escreve, é “pequeno, dividido, e com muito pouca influência social.”

Estou certo que muitos lerão isto como crítica, mas Ravsberg nos leva a uma questão interessante. Se as mudanças em Cuba continuarem, e especialmente se essas mudanças afetarem materialmente todos os cubanos, não somente aqueles com dinheiro para gastar, irão mudar o contexto político no qual a oposição opera? Irão mudar a tática? Será?

La primera generación [9] acha que “Cuba claramente violou a Declaração Universal dos Direitos Humanos que é signatária”, acrescentando:

The United States has deplored these actions and brought this violation to light. Is anyone besides the US going to do anything about it?

Os Estados Unidos lamentam essas ações e trazem essa violação à luz. Alguém além dos EUA vai fazer algo em relação a isso?

Osvaldo Alfonso Valdés do Miscelaneas de Cuba [10] [es] expõe sua visão sobre o que esta ação diz sobre o novo regime:

Digámoslo claramente: si el régimen de Raúl Castro no puede tolerar que 10 mujeres estén de manera pacífica presentando una carta al Gobierno y manifestándose públicamente, entonces; ¿qué cambios y mejorías en el respeto a los derechos fundamentales y que cambios políticos en dirección a la apertura democrática podemos esperar de este nuevo gobernante de la dictadura cubana?

Digamos claramente: se o regime de Raúl Castro não pode tolerar que 10 mulheres estejam pacificamente apresentando uma carta ao governo e se manifestando publicamente, então: que mudanças e melhorias em relação aos direitos fundamentais e que mudanças políticas em direção a abertura democrática podemos esperar deste novo governante da ditadura cubana?

Finalmente, Uncommon Sense [11] posta uma atualização:

Radio Martí reports that the Damas De Blanco (”Ladies In White”) today resumed their weekly demonstration on behalf of their imprisoned husbands, fathers, sons and brothers, less than a week after 10 women were roughed up and arrested by the police and a Castroite mob.

Unlike what happened April 21, the women were left alone as they marched in silence down Fifth Avenue in Havana

A rádio Martí relatou que as Damas de Blanco (Damas de Branco) reiniciaram hoje sua manifestação semanal por seus maridos, pais, filhos e irmãos aprisionados, há menos de uma semana depois que 10 mulheres foram retiradas e presas pela polícia e uma multidão a favor de Castro.

Diferentemente do que aconteceu em 21 de abril, as mulheres foram deixadas sozinhas enquanto marchavam em silêncio pela Quinta Avenida em Havana.

Eduardo Avila [12] contribuiu para este artigo.