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Timor Leste: Sobre a morte de Suharto

Categorias: Leste da Ásia, Indonésia, Timor Leste, Esforços Humanitários, Guerra & Conflito, Relações Internacionais

No final de 1975, Timor Leste declarou independência de Portugal depois de 400 anos de dominação. Mas a liberdade durou pouco, porque pouco depois disso o país foi invadido e ocupado pela Indonésia, no que acabou em 24 anos de dominação. Estima-se que a invasão por parte da Indonésia tenha matado 200 mil pessoas, um terço da população.

Essa invasão foi comandada por General Suharto, então ditador da Indonésia, contando com a simpatia da Austrália e aprovação dos Estados Unidos [1]. Veja aqui como alguns blogueiros conectados ao Timor Leste reagiram à notícia de sua morte, aos 86 anos, nesse domingo 27 de janeiro.

José Prereira [2] apresenta Suharto para aqueles que não o conhecem:

Este é o Homem que a Democracia Americana sempre apoiou.
A lança americana na Ásia.
Na chacina dos 500.000 comunistas.
Na invasão de Timor Leste.
Chamava-se Suharto.

Pedro Fontela [3] lista o seu legado e diz que está entre aqueles que festejam:

Suharto, ex-ditador Indonésio, morreu, finalmente. Falta-me a hipocrisia para sugerir que possa sentir qualquer sensação de pena. Menos um tirano genocida no mundo, ainda bem para nós! Haja uma celebração!

Timor Lorosa e Nação [4] também publica uma biografia do ex-ditador e diz que Suharto, a quem ele chama de ‘o maior criminoso da história contemporânea após a Segunda Guerra Mundial’, não merece respeito nem na morte:

Enfim, entrou, por favor, no Inferno e lá ficará a consumir-se nas chamas alimentadas por tanta mortandade, carnificina e terror que espalhou por todo o sudeste asiático.
Não lhe desejo mal. Somente que sofra uma vez por dia por cada vítima do seu consulado de sangue e cadáveres. São só uns milhões.
Está muito bem onde está. O Inferno para quem o merece.

Isabel Faria [5] [pt] critica Ramos Horta, o presidente atual do Timor Leste, por dizer que o povo não deveria guardar rancor pelo ditador morto.

Desculpem lá, um ditador deixa de ser um ditador depois de morto? Um assassíno que não é julgado pelos seus crimes não tem que se preocupar porque depois de morto (…)

Nota final: No dicionário rancor, significa : ódio profundo e oculto; ressentimento.

Até posso entender que Ramos Horta refira o primeiro significado da palavra…porque se referir o segundo, está a trair a luta do seu povo e do povo indonésio contra a repressão e pela liberdade. E a memória dos que por elas morreram.

Timor Online [6] tem coletado reações dos blogues e da imprensa, em inglês e em português.

Apenas em 20 de maio de 2002, Timor Leste se libertou novamente. O país se tornou a primeira nação soberana do século 21.