Palestina: Gaza sob cerco

Blogueiros da região estão acrescentando suas vozes a um protesto internacional, à medida em que a Faixa de Gaza cai na escuridão. O bloqueio israelense de quatro dias sobre a faixa culminou no fechamento de sua única central elétrica do território devido à falta de combustível.

Jordânia:

Da Jordânia, Khalida explica a situação do lugar:

Sometimes there aren’t enough words to describe what we are witnessing and what the news keep shoving down our throats every morning till we reached a point that nothing surprises us anymore, but what is happening in Gaza comes as a shock that leaves the majority of us speechless and helpless …

In a time and life that human rights are becoming a major factor in how societies are governed … in a world that the international community is judging the backward Middle East because of honor crimes, poverty, violence against women and primitive culture … the same community is standing still to watch as Gaza is being crucified and executed … it is cold and they don’t have heat … they are cut out from the rest of the world … and as well as they are dying by bullets and military attacks; they are also being killed by hunger and cold …

I choose to raise my voice to say STOP … ENOUGH … Life is not a game and just because they reside in Gaza … it does not make their lives of any less value than any other human in any part of the world …

Às vezes não há palavras suficientes para descrever o que estamos testemunhando e o que as notícias nos empurram goela abaixo todas as manhãs, até que chegamos a um ponto que nada nos surpreende mais, de modo que o que se passa em Gaza vem como um choque que deixa a maioria de nós sem palavras e desamparados…

Em um tempo em que os direitos humanos estão se tornando um fator importante na forma como sociedades são governadas… em um mundo que a comunidade internacional está julgando o Oriente Médio por crimes de honra, pobreza, violência contra as mulheres e cultura primitiva… a mesma comunidade está de pé para assistir como Gaza está sendo crucificada e executada… está frio e eles não têm como se aquecerem… estão isolados do resto do mundo… e, também estão morrendo por balas e ataques militares; estão morrendo também por causa da fome e do frio…

Decidi levantar a voz para dizer PARE… É SUFICIENTE… A vida não é um jogo e só porque eles residem em Gaza… não faz com que suas vidas tenham um valor menor do que qualquer outro ser humano de qualquer parte do mundo…

Palestina:

Umm Khalil, da Palestina, publica aqui links para cobertura noticiosa sobre a crise. Ela também disponibiliza fotos do bombardeamento israelita do Ministério do Interior palestino, onde uma mulher morreu e 46 pessoas, que foram assistir a um casamento realizado nas proximidades, ficaram feridas.

Egito:

Hossam Al Hamalawy, do Egipto, publica um e-mail recebido de Mohammad Omar, na Palestina.
A mensagem diz:

Where to start…, what to talk about…? The crippling electricity shortages, affecting hospitals as well as civilians? The
air strikes & on-going, daily bombings by the Israeli army, their indiscriminate targeting of civilians and police stations…? Israel ’s non-accidental, enforced starvation of 1.5 million people by closing off ALL borders and not allowing in even UN aid, let alone basic medicinal, food, and construction needs…?

Shortages of fuel have re-surfaced in Gaza : most of Gaza has no electricity and even more importantly, the shortage of medicine in Palestinian hospitals continues to increase, with the Ministry of Health reporting a looming humanitarian catastrophe.

Or should I begin with the bomb which just hit a wedding close to the Ministry of Interior building in Gaza City , with 15 apartment buildings within the bomb’s target range? One woman was killed and 47 others were injured –mostly children and women who had been inside their homes or playing on the street!!

Por onde começar …, o que falar sobre…? O enfraquecimento e o déficit da electricidade, afetando hospitais assim como civis? Os ataques aéreos e em curso, bombardeamentos diários pelo exército israelita, atingindo
indiscriminadamente civis e postos policiais? Não é por acidente que Israel faça cumprir a fome de 1,5 milhão de pessoas ao fechar TODAS as fronteiras e não permitindo sequer a ajuda das Nações Unidas, para não falar de medicamentos básicos, alimentação e materiais de construção…?

A escassez de combustível tem re-aparecido em Gaza: a maioria em Gaza não tem electricidade e mais importante ainda, a falta de medicamentos em hospitais Palestinos continua a aumentar, com o Ministério da Saúde relatando uma catástrofe humanitária ameaçadora.

Ou deveria começar com a bomba que atingiu apenas um casamento perto do edifício do Ministério do Interior na cidade de Gaza, com 15 edifícios dentro do alvo de abrangência da bomba? Uma mulher foi morta e 47 outras pessoas ficaram feridas – a maioria delas, crianças e mulheres que estavam dentro de suas casas ou brincando na rua!

Ainda no Egito, Zeinobia lamenta o papel (ou falta de) em lidar com a crise. Ela reclama:

I will start with the bitter fact that the Egyptian role as leading country in the Arab world , as if Egypt does not care I found today that Saudi Arabia is calling for immediate urgent Arab summit in Cairo to discuss what is going in Gaza for Siege , the Saudi Arabia is the one that is calling for immediate summit , not Egypt, Egypt is the one that should call for this summit immediately , with my all respect to Saudi Arabia.

Vou começar com o amargo fato de que o papel do Egito como país líder no mundo árabe, como se o país não se importasse, eu acho que hoje a Arábia Saudita está pedindo urgência imediata à cúpula Árabe no Cairo para discutir o que está acontecendo em Gaza para estabelecer fronteiras, a Arábia Saudita é a única que está convocando uma cúpula imediata, não o Egito, que é o único que deveria fazê-lo, com todo o meu respeito a Arábia Saudita.

Em Gaza, o blogueiro escreve:

Now let's go to Gaza , one of the worst things ever in the problem is that Egypt is exporting natural gas to Israel for the cheapest price ever that created a loss to us where the people in Gaza are in terrible siege

Already the least thing Egypt can do is to open the borders and send immediate medical aids to the Great people of Gaza who hided our soldiers and officers in 1967 ..

People shame on the world and shame on us .

Gaza has no light or power in the middle of terrible winter. This is a conspiracy to get rid not only from Hamas but from the people of Gaza, these people are suffering in the worst way ever.

Agora vamos para Gaza, uma das piores coisas desse problema é que o Egipto está exportando gás natural para Israel pelo preço mais barato que criou uma perda para nós, onde as pessoas em Gaza estão em um terrível cerco
O mínimo que Egito pode fazer é abrir as fronteiras e enviar ajuda médica imediata para o Grande povo de Gaza que protegeu nossos soldados e oficiais em 1967 ..
As pessoas se envergonham do mundo e se envergonham de nós.

Gaza não tem luz e eletricidade no meio desse inverno terrível. Trata-se de uma conspiração para livrar-se não apenas do Hamas, como também das pessoas de Gaza, essas pessoas estão sofrendo da pior maneira.

Líbano:

Do Líbano, Green Resistance, exige apenas isso.

Resistance. What does that mean? “the act or power of resisting, opposing, or withstanding” … and “the capacity of an organism to defend itself against harmful environmental agents”

Gaza is in darkness. Where is our cry? Where is our resistance?

Resistência. O que significa isto? “O ato ou poder de resistir, de se opor, ou suportar…” e “a capacidade de um organismo de se defender contra agentes nocivos ambientais”

Gaza está na escuridão. Onde está o nosso grito? Onde está a nossa resistência?

Ainda no Líbano, Ibn Bint Jbeil publica uma série de pinturas e desenhos para expressar o sofrimento em Gaza. Ele também escreve:

Gaza, Palestine, the largest concentration camp on Earth, is today under the most brutal, inhumane, genocidal siege. May God protect and bless them.

Em Gaza, na Palestina, a maior concentração de acampamento na Terra, hoje está sob o mais brutal, desumano, cerco genocida. Que Deus os abençoe e os proteja.

O artigo acima é uma tradução de um artigo original publicado no Global Voices Online. Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português, com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui.

6 comentários

  • J. Carlos

    Que se dê ao assunto a importância necessária. Que se dê a essa guerra o enfoque lógico necessário.
    Estou farto de tanta demagogia nessa questão, inclusive publicações como essa que nada contribuem para a questão palestina. Nessa região existe a cultura para o ódio e a guerra. Israel usa o poderio bélico para defender seu ínfimo território que os palestinos não reconhecem. Os paletinos ensinam às crianças o terrorismo funcional contra Israel e em momento algum ví países dispostos a ceder território para os palestinos. Esses, por uma cultura religiosa arcaica , querem Jerusalém. Ambas as partes são beligerantes e os palestinos também são vítimas dos foguetes que insistem em lançar contra Israel.
    A Palestina nunca conseguiu controlar o grupo armado que se lança sobre Israel e esse país nunca conseguiu combatê-lo sem deixar vítimas civis como “ëfeito colateral”. O impasse na região é tão grave que já era hora de um mutirão internacional para resolvê-lo. Não apenas dos EUA mas de toda a comunidade internacional.
    JCarlos

  • Concordo em parte com você, J.Carlos. Há rios de belicosidade de ambos os lados. Não se trata de um ou outro povo mais ou menos violento. A questão que se coloca não é “quem é mais violento”, mas sim “quem tirou a terra de quem”. As mesmas bases históricas advindas de “uma cultura religiosa arcaica” motivam os dois povos a estarem ali. Por outro lado, um deles afirma ter sido expulso de lá em tempos bíblicos enquanto o outro foi desalojado a olhos vistos em meados da década de 40 do século passado. Mais do que uma disputa por solos sagrados, é uma disputa pelo direito de ocupar um território que “sempre” foi tido como seu (mesmo que “sempre” seja uma palavra errada em ambos os casos, e talvez em todos).

    Vale lembrar que a matéria acima é um apanhado do que dizem os blogues da região sobre a questão, e não pretende firmar uma opinião específica deste site. É claro que há o viés do editor na seleção de citações e na montagem da matéria, mas mais do que a opinião de um editor, esta matéria aponta para a opinião dos blogueiros da região. E se você quiser, sempre pode ir discutir com eles a respeito do que estão dizendo. Mas recomenda-se que, antes disso, reflita um pouco sobre a complexidade do problema. Nem tanto ao lado de Israel, nem tanto ao lado da Palestina. Acho importante entender que não é uma questão de certos e errados, e sim uma problema territorial e étnico que parece cada dia mais insolúvel, e para o qual uma boa parte da “ajuda internacional” causou mais mal do que bem.

    Abraços do Verde.

  • Uri Avnery: Bloqueio de Gaza é “pior que crime”
    Uri Avnery é um israelense HONRADO.

    Leiam o texto e vcs entenderão o porquê da ação CRIMINOSA dos israelenses contra os habitantes de Gaza.

    Uri Avnery: Bloqueio de Gaza é “pior que crime”

    PARECEU a queda do muro de Berlim.

    Não ‘pareceu’, apenas.

    Por um momento, o cruzamento em Rafah foi o Portão de Brandenburg.

    É impossível não se emocionar quando a multidão de oprimidos e famintos rompe um muro que os impede de avançar, olhos brilhantes, todos se abraçando –, emocionar-se muito,mesmo que se saiba que foi nosso governo, o governo de Israel, que construiu aquele muro.

    A Faixa de Ghazaa é a maior prisão da Terra.
    Abrir uma passagem no muro, em Rafah, foi um ato de libertação.

    Provou-se que políticas desumanas são sempre políticas de estupidez: nenhum poder conseguirá jamais conter uma multidão que já tenha cruzado a fronteira do desespero absoluto.

    Esta é a lição de Ghazaa, janeiro, 2008.

    CABERIA AQUI a frase famosa do estadista francês, do tempo de Napoleão I, Boulay de la Meurthe[1], com pequena adaptação: “É pior que crime de guerra: é uma estupidez!”

    Há vários meses, os dois Ehuds – Barak e Olmert – impuseram um bloqueio à Faixa de Ghazaa e vangloriaram-se muito.

    Depois, foram apertando o nó mortal cada vez mais, até que já praticamente nada entrava na Faixa.

    Semana passada tornaram absoluto o bloqueio – nem comida, nem remédios.

    As coisas chegaram ao paroxismo quando suspenderam também o fornecimento de combustíveis.

    Grandes áreas de Ghazaa ficaram sem eletricidade – para as incubadoras para bebês prematuros, para máquinas de diálise, para bombas de água e para evacuar esgotos.

    Centenas de milhares de pessoas ficaram sem calefação, sob frio intenso, sem poder cozinhar, sem o que comer.

    Vezes sem conta a Rede Aljazeera levou aquelas imagens para milhões de lares em todo o mundo árabe.

    Muitas outras redes de televisão exibiram as mesmas imagens.

    De Casablanca a Aman, explodiram protestos de massa nas ruas que assustaram os regimes árabes autoritários.

    Hosny Mubarak telefonou em pânico para Ehud Barak.

    Na mesma noite, Barak foi obrigado a suspender, pelo menos temporariamente, o bloqueio que, desde a manhã, impedia a entrega de combustível na Faixa.

    Exceto por isto, o bloqueio continuou total.

    Difícil imaginar ato político mais estúpido.

    A RAZÃO apresentada para matar de fome e frio 1,5 milhão de seres humanos confinados num território de 365 km2 é o continuado bombardeio de foguetes Qassam sobre cidade de Sderot e arredores.

    É razão cuidadosamente pensada para unir o que há demais primitivo e o que há de mais pobre na opinião pública em Israel.

    Faz calar as críticas que viriam da ONU e de governos em todo o mundo que, de outro modo, protestariam contra uma punição coletivamente aplicada a populações civis que, sem dúvida alguma, configura crime de guerra nos termos da lei internacional.

    Apresenta-se ao mundo um quadro simplificado: o regime de terror do Hamás lança mísseis contra inocentes civis israelenses.

    Nenhum governo pode tolerar que seus cidadãos sejam bombardeados dentro de suas fronteiras.

    O exército de Israel não tem resposta militar para enfrentar os foguetes Qassam.

    Portanto, não lhe resta outra saída além de pressionar a população de Ghazaa, na esperança de que se levante contra o Hamás e faça parar o bombardeio de Qassams.

    No dia em que Ghazaa ficou totalmente sem eletricidade, os correspondentes militares israelenses festejaram: só dois foguetes Qassams foram disparados de dentro da Faixa.

    Então o bloqueio funciona!
    Ehud Barak é um gênio!

    No dia seguinte, com 17 Qassams lançados contra Israel,a alegria sumiu.

    Políticos e generais israelenses estavam(literalmente) frenéticos, fora de si: um político propôs“ações mais loucas que as deles”; outro propôs “bombardeara área urbana de Ghazaa indiscriminadamente, a cada Qassam disparado”,

    Um famoso professor (conhecido por ser ligeiramente perturbado) propôs que se adotasse “o mal absoluto”.

    O modo de atuar do governo israelense é hoje uma repetição do que já fizeram na Segunda Guerra do Líbano (espera-se para os próximos dias a publicação do relatório sobre aqueles dias).

    Daquela vez: o Hizbullah capturou dois soldados israelenses, em território de Israel.
    Hoje: o Hamás bombardeia casas e cidades em território de Israel.
    Daquela vez: precipitadamente, o governo decidiu entrarem guerra.
    Hoje: precipitadamente, o governo decidiu impor bloqueio total.
    Daquela vez: o governo ordenou bombardeio massivo contra civis, para pressionar o Hizbullah.
    Hoje: o governo ordena o massacre, pela fome e pelo frio,de população civil, para pressionar o Hamás.
    Os resultados são os mesmos, nos dois casos.
    Daquela vez: a população não se levantou contra o Hizbullah; aconteceu exatamente o contrário: pessoas de todos os credos e grupos religiosos reuniram-se numa mesma organização xiita.

    Hassan Nasrallah tornou-se herói de todo o mundo árabe.

    E hoje: a população cada vez mais unida num Hamás cada vez mais forte, acusa Máhmoude Abbás de colaborar com o inimigo.

    Uma mãe que não tenha comida para dar aos filhos não mal diz Ismail Haniyeh.
    Ela maldiz Olmert,Abbas e Mubarak.

    ENTÃO, o que fazer?

    Afinal de contas, não se pode tolerar o sofrimento dos habitantes de Sderot, que vivem sob fogo constante.
    O que todos ocultam da opinião pública é que é possível fazer parar o bombardeio de Qassams amanhã de manhã.

    Há vários meses, o Hamás propôs um cessar-fogo.

    Esta semana, eles repetiram a mesma proposta.

    Para o Hamás, cessar-fogo significa: os palestinos cessam o fogo de Qassams e morteiros; e o exército de Israel cessa as incursões em Ghazaa, os assassinatos por armas ‘inteligentes’ em alvos ‘selecionados’ e o bloqueio.

    Por que o governo israelense não aceita imediatamente esta proposta?

    É simples: para aceitar esta proposta, o governo de Israel tem de falar com o Hamás, direta ou indiretamente.
    Isto, precisamente, é o que o governo de Israel recusa-se a fazer.

    Por quê?

    Outra vez, é muito simples: porque Sderot é apenas um pretexto – como também os dois soldados capturados foram apenas um pretexto – para coisa muito diferente.

    O objetivo geral de toda a ‘operação’ é derrubar o regime do Hamás em Ghazaa e evitar que o Hamás tome toda a Cisjordânia.

    Em palavras simples e claras: o governo de Israel está sacrificando toda a população de Sderot, em nome de uma idéia de antemão condenada ao fracasso.

    O governo de Israel está muito mais interessado em pressionar o Hamás– que é, hoje, a cabeça de ponte de toda a resistência palestina – do que em proteger os habitantes de Sderot.
    E toda a mídia colabora para difundir a farsa.
    JÁ SE DISSE que é muito perigoso escrever sátiras em Israel – porque muitas vezes a sátira torna-se realidade.
    Alguns leitores talvez lembrem de um artigo satírico que escrevi há alguns meses.
    Lá, descrevi a situação em Ghazaa como uma experiência científica para descobrir até que ponto conseguiríamos chegar, em matéria de matar de fome populações civis e fazer da vida humana um inferno…antes de termos de levantar as mãos e nos render, derrotados.
    Esta semana, a sátira virou política oficial do Estado de Israel.
    Comentaristas respeitados declararam explicitamente que Ehud Barak e os chefes militares estão trabalhando na linha de “tentativa e erro” e mudam diariamente seus métodos conforme os resultados.
    Param de fornecer combustível a Ghazaa, vêem o que acontece e desfazem tudo quando a reação internacional é negativa demais.
    Suspendem o fornecimento de remédios, vêem o que acontece, etc.etc.
    O objetivo científico justifica os meios.
    O homem encarregado deste experimento é o Ministro da Defesa, Ehud Barak, homem de muitas idéias e poucos escrúpulos,homem cujo modo de raciocinar é basicamente pré-humano.
    Ehud Barak é hoje, provavelmente, o ser mais perigoso que há em Israel, mais perigoso que Ehud Olmert e Binyamin Netanyahu, perigoso até para a sobrevivência de Israel no longo prazo.
    O homem encarregado de executar o experimento é o Comandante em Chefe do Exército de Israel.
    Esta semana, ouvimos os discursos de dois de seus predecessores no cargo,os generais Moshe Ya’alon e Shaul Mofaz, num fórum que teve as mais infladas pretensões intelectuais. Descobriu-se ali que ambos têm idéias que os colocam em algum ponto entre a extrema Direita e a ultra-Direita.
    São, os dois, homens de cabeça assustadoramente primitiva.
    Desnecessário desperdiçar sequer uma palavra sobre as qualidades morais e intelectuais do sucessor imediato de ambos, Dan Halutz.
    Se estas são as vozes dos três últimos Comandantes do Exército de Israel, o que dizer do atual, que não pode falar abertamente como os outros?
    Que maçã cairia muito longe da mesma árvore?
    Até há três dias, os generais ainda podiam defender a opinião de que o experimento estaria dando certo.
    A miséria atingira o clímax na Faixa de Ghazaa.
    Centenas de milhares de seres humanos enfrentavam a fome total.
    O chefe da Agência de Apoio Humanitário da ONU para a Palestina(UNRWA) denunciou o risco de catástrofe humana absoluta.
    Só os mais ricos ainda tinham combustível para seus carros,para aquecer as residências e para cozinhar.
    O mundo não parou de girar e ouviu-se apenas um murmúrio planetário.
    Os líderes dos Estados árabes enunciaram frases o cas e não moveram um dedo.
    Barak, que tem talentos matemáticos, podia até calcular o dia em que a população finalmente entraria em colapso.
    E ENTÃO, de repente, aconteceu algo que nenhum deles previu, embora fosse o evento mais facilmente previsível do planeta.
    Quando alguém põe 1,5 milhão de seres humanos numa panela de pressão e não pára de pôr fogo no palheiro, é certo que tudo explodirá.
    Foi o que aconteceu na fronteira entre Ghazaa e o Egito.
    Primeiro, foi uma explosão pequena.
    Uma multidão juntou-se no posto de fronteira e os policiais egípcios abriram fogo.
    Houve dúzias de feridos.
    Foi um sinal de alerta.
    Dia seguinte veio o grande assalto.
    Combatentes palestinos furaram o muro em vários pontos.
    Centenas de milhares de palestinos entraram em território egípcio e respiraram fundo.
    Estava quebrado o bloqueio.
    Já antes disto, a posição de Mubarak era insustentável.
    Centenas de milhões de árabes, um bilhão de muçulmanos viram que o exército de Israel fechava apenas três pontos da fronteira de Ghazaa: pelo norte, pelo leste e pelo mar.
    O quarto ponto do bloqueio estava entregue ao exército egípcio.
    O presidente do Egito, que se apresenta como líder de todo o mundo árabe foi exposto como colaborador numa operação desumana liderada por um inimigo, e apenas para obter os favores (e o dinheiro) dos norte-americanos.
    Seus inimigos internos, a Irmandade Muçulmana, exploraram esta situação e o denunciaram, publicamente, aos olhos de seu próprio povo.
    Dificilmente Mubarak teria podido manter-se na posição em que estava.
    Mas a multidão palestina livrou-o da tarefa de decidir.
    Decidiram por ele.
    Os palestinos irromperam no Egito como um tsunami.
    Agora, Mubarak que decida quando sucumbirá completamente a Israel e reimporá o bloqueio contra seus irmãos árabes.
    E quanto ao experimento de Barak?
    O que acontecerá agora?
    Barak tem poucas opções:
    (a) Reocupar Ghazaa.
    O exército não gosta desta idéia.
    Para os comandantes militares, a reocupação exporá milhares de soldados israelenses a uma guerra de guerrilhas cruel, diferente de todas as intifadas conhecidas.

    (b) Apertar novamente o bloqueio e pressionar Mubarak o mais possível, inclusive com o lobby israelense no Congresso dos EUA, para privá-lo dos bilhões que recebe anualmente em troca de serviços prestados.

    (c) Fazer do castigo um prêmio, e entregar a Faixa de Ghazaa a Mubarak, como se este fosse o objetivo secreto de Barak, desde o começo.
    Passaria a ser tarefa do Egito garantir a segurança de Israel, evitar a chuva de Qassams e expor seus próprios soldados à guerra de guerrilhas na Palestina – depois de o Egito ter imaginado que se havia livrado definitivamente desta área de conflito,e depois de toda a infra-estrutura da Palestina ter sido destruída pela ocupação israelense.
    É provável que Mubarak responda: “É muita gentileza sua, mas, não, não, muito obrigado.”
    O bloqueio da Faixa de Ghazaa é crime de guerra.
    E é pior que isto: é uma estupidez brutal. ***********——————————————————————————–* Worse than a Crime, 25/1/2008, em Gush Shalom [“Grupoda Paz”], em http://zope.gush-shalom.org/home/en/channels/avnery/1199602046/.Copyleft.
    Tradução de Caia Fittipaldi. Reprodução autorizadapelo autor e pela tradutora. [1] A frase famosa é “C’est pire qu’un crime, c’estunefaute” (É pior que um crime: é um erro).
    Obs.: No artigo acima, foram mantidas as grafias quea tradutora usou para nomes árabes como Gaza (Ghazaa),Rafá (Rafah), Cassam (Qassam), Hamas (Hamás), Hezbolá(Hizbullah) e outros.
    http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=28635967&tid=2579874680915708175

    Postado por Sol do Deserto
    http://soldodeserto.blogspot.com/2008/01/eis-verdade-que-tarda-mas-no-falha.html

  • Soldado do Deserto

    NÃO É ISSO NÃO, SENHOR “SOL DO DESERTO”.

    O pior erro de quem quer uma paz e não consegue é tomar um partido na questão!

    Na carnificina dessa região NINGUÉM tem razão. Estão apenas seguindo uma bestial codificação de um DNA imposto pelo pós-guerra onde o mundo foi , mais uma vez, subdividido. E não se faz nada para corrigir isso. Onde está a ONU ? Identificando e garantindo o direito sublime de enterrar os mortos? Como sempre?

    Quem toma partido nunca vai resolver a bifurcação geopolítica dessa região.

    Independente da estrondosa desproporcionalidade econômico-militar na região, o Hamás não é santo não. Como todo doutrinado terrorista, é covarde e USA O PRÓPRIO POVO como escudo. Creio que ao mesmo tempo em que os generais israelenses comemoram o bloqueio, também o Hamás explora o impacto causado na opinião mundial pelo desastre causado ao seu povo. Este grupo que transmite ao seu povo uma mensagem de herói Davi resistindo ao opressor Golias na verdade é o verdadeiro câncer do seu povo e podem matá-lo como agora. Ainda pior seria a exterminação completa, pois não sei quando, mas ainda vamos ver um terrorista tentando disparar artefatos nucleares portáteis ou artefatos (também pequenos, mas devastadores) biológicos. O caminho correto seria a AMPLA e mundial negociação e nela, nem Golias poderia uivar e nem Davi poderia disparar seu estilingue. E quem no mundo vai garantir isso ? Tem que partir de ambas as partes o verdadeiro QUERER !

    E os exemplos são bem atuais :

    A civilização ganhou com o desaparecimento de um pequeno grupo chamado SADAN e outros iguais? Respondo sem medo de errar que sim.

    Mas, a civilização ganhou com o desaparecimento de milhares de civis que ficaram na linha de fogo quando daquela empreitada? Respondo, agora convicto, que NÃO. E toda essa conversa de bombardeamento cirúrgico é besteira. A vida de um militar vale menos que a de um civil ?

    Então essa é a grande questão e desafio modernos , ambas as partes litigiosas tem que escolher NÃO MORRER. E para não morrer tem-se que optar também por não matar!

    Roberto Meirelles

  • bia joyce

    Oh Roberto, achei q vc falaria algo de novo!
    Vc mais parece o filho do Bush, reclamando do nada, q vc faz.
    Numa sociedada que vive de mitos e heróis, onde a morte pode significar um prêmio (entrada no paraíso) vem vc com essa conversa mole, de ontem.
    Acorda bebeto, com a morte de um Sadan, nasceram quantos outros?
    Isso vai acabar quando israel deixar de fabricar armas e se preocupar em fabricar pão para alimentar quem tem fome.
    Acorda alice, quem fabrica pão quer mata fome e quem fabrica armas quer guerras.
    Xaau bobão

  • Não queremos SOLDADOS NO DESERTO mas sim, que o SOL continue brilhando e iluminando o DESERTO!
    Fora invasores, soldados ocupantes do Iraque, do Afeganistão, PALESTINA livre!!!!

    Faço minhas as palavras de Joyce: “quem fabrica pão quer matar a fome e quem fabrica armas quer guerras”.

    Não só a civilização perdeu com a morte de Saddam mas toda Humanidade, principalmente aqueles que invadiram o Iraque e hoje jazem em crises alarmantes.

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