- Global Voices em Português - https://pt.globalvoices.org -

Afeganistão: Pena de morte por difundir artigo de blogue

Categorias: Ásia Central e Cáucaso, Afeganistão, Ativismo Digital, Direitos Humanos, Liberdade de Expressão, Religião

A Associação Afegã de Escritores de Blogues [1] (Afghan Penlog), uma comunidade criada por um grupo de blogueiros e ativistas afegãos, manifestou profunda preocupação com o jovem jornalista Sayed Parwiz Kambakhsh, que foi condenado à morte por um tribunal local.

Ele trabalha como repórter do semanário Jahan-e Naw (Novo Mundo) e é estudante de jornalismo na Universidade Balkh.

Segundo a Afghan Penlog e a imprensa internacional, Parwez Kambakhsh foi detido pelas autoridades em 27 de outubro de 2007 por ter baixado e distribuído um artigo que ele encontrou em um blogue iraniano [2] para os amigos. Esse artigo falava sobre direitos das mulheres, o Corão e o profeta Maomé. Um tribunal local no norte do Afeganistão, em Mazar-e-Sharif, o condenou à morte pelo que considerou blasfêmia.

O observatório da imprensa global Repórteres Sem Fronteiras diz [3] que o julgamento foi “realizado às pressas e sem qualquer preocupação com a lei ou para com a liberdade de expressão, que é protegida pela Constituição”.

Index on Censorship diz [4]:

Deeply conservative Afghan clerics, most of whom have never used a computer or the Internet, believe Kambakhsh himself wrote the article and therefore found him guilty of blasphemy. Because there is no clear punishment for downloading “un-Islamic” articles from the Internet, the primary court of appeal asked clerics to comment. The conservative clerics, who had not investigated the case, demanded the death penalty.

Clérigos afegãos profundamente conservadores, a maioria dos quais nunca utilizou um computador ou a internet, acreditam que o próprio Kambakhsh escreveu o artigo e, por isso, ele foi sentenciado como culpado de blasfémia. Como não existe uma punição clara para download de artigos anti-islã na internet, a principal instância do recurso solicitou que os clérigos comentassem o veredito. Os clérigos conservadores, que não tinham investigado o caso, exigiram a pena de morte.

Irmão do jornalista pode ter sido alvo

Segundo a CNN [5], muitos acreditam que Kambakhsh tenha sido de fato detido por artigos que seu irmão escreveu criticando autoridades provinciais. Sayed Yaqub Ibrahimi, o irmão, escreveu inúmeras notícias que detalham direitos humanos.

Afghan PenLog emitiu uma declaração ontem acusando as autoridades afegãs de tentarem fugir da questão: “… o Ministério Afegão da Informação e da Cultura publicou uma carta nesta tarde que diz que Parwiz Kambakh não era um jornalista e seu caso nada tem a ver com a imprensa”. Afghan Penlog está profundamente preocupada, e exige a libertação imediata de Parwiz Kambakhsh.