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Caribe: Um mundo mais violento?

Categorias: América Latina, Caribe, Bahamas, Barbados, Bermuda, Cuba, Guiana, Jamaica, Trindade e Tobago, Ativismo Digital, Economia e Negócios, Educação, Juventude, Lei, Mídia Cidadã, Mídia e Jornalismo, Política, Religião

Estamos vivendo em um mundo mais violento? Alguns dizem que sim; outros acreditam que a violência está apenas sendo mais largamente noticiada [1]. Recentemente o Banco Mundial sugeriu que o Caribe (enquanto região) poderia ter a maior taxa de homicídios do mundo [2] — e isso está tendo consequências sérias em seu crescimento econômico. Os blogueiros caribenhos estão cada vez mais debatendo o assunto, e suas preocupações transcendem fronteiras territoriais, realidades econômicas e política regional…

Living in Barbados [3][EN] bloga um olhar sobre a situação do crime na região:

“Most countries in the Caribbean region have had a long experience of peace with other nations; few have actually been directly at war with other nations. However, we find that we are increasingly “at war” amongst ourselves.”

“A maioria dos países da região caribenha desfrutam de uma longa experiência de paz com as outras nações; poucas chegaram a estar algum dia diretamente em guerra com outras nações. Contudo, nós descobrimos que estamos cada vez mais “em guerra” entre nós.”

Ele também se preocupa com a escalada do crime na Jamaica [4], terra de seu nascimento:

“If you have no notion of what violent crime does to a society you need to visit Jamaica. A rate of murders that leads the world and many acts of brutal violence has scarred this country and changed dramatically how people live their lives.”

“Se você não tem idéia do quê os crimes violentos fazem a uma sociedade, você precisa visitar a Jamaica. Uma taxa de homicídios que lidera as contagens mundiais e muitos atos de violência brutal feriram o país e mudaram dramaticamente a forma como as pessoas vivem suas vidas.”

No rastro de dois [5] assassinatos amplamente noticiados [6] nas Bahamas, Craig Butler, escrevendo no Bahama Pundit [7][EN], diz que estamos vivendo em “tempos difíceis”:

“…We as a nation need to figure out what the nature of our problem is before we can adequately address it. It is my view that education, or the lack of it amongst marginalized young men, is the key. I will continue to say that a man who has no training, and thus an inability to think and make reasoned decisions, is susceptible to anything. In our case, it’s a life of easy money derived from crime.”

“…Enquanto nação, temos que descobrir qual é a natureza de nosso problema antes de podermos solucioná-lo de forma adequada. Em meu ponto de vista a educação, ou a ausência dela entre os jovens marginalizados, é a chave. Eu continuo dizendo que um homem que não tem treinamento, e portanto não é capaz de pensar e tomar decisões razoáveis, é suscetível a qualquer coisa. Em nosso caso, é uma vida de dinheiro fácil derivado do crime.”

A colega blogueira de Butler na Bahamas, Nicolette Bethel [8][EN], escreve:

“There’s a lot of fear going about out there. My mailbox lights up on a regular — almost daily — basis. I receive local news circulars, you see, and the focus of every one is violent crime. There’s one email update that keeps count of 2007’s murder rate; there are others that blaze headlines across their tops when you open them. And talk shows and newspapers keep us thinking about our crime rate.”

“Há um bocado de medo rolando lá fora. Minha caixa de correio acende regularmente, quase diáriamente. Recebo circulares com notícias locais, veja bem, e o foco de todas elas são os crimes violentos. Há emails com a contagem das taxas de homicídio de 2007; outros trazem manchetes gritantes em seus topos quando os abrimos. Programas de entrevista e jornais nos mantém pensando sobre nossas taxas de criminalidade.”

Ao analisar a situação da criminalidade em seu país, ela se refere a estudos que apontam que “quanto mais alta a religiosidade de uma sociedade, mais violenta é esta sociedade”.

Como muitos outros blogueiros, Daniel Henrich [9], um professor de jornalismo do College of the Bahamas [10] (n. do t. “Escola Superior das Bahamas”) está tentando ser um agente de mudança, esboçando uma “estratégia simples e direta para combater as crescentes incidências de violência na sociedade das Bahamas entre os jovens em situação de risco”.

Nem mesmo os Chefes de Estado estão à salvo das ameaças de violência, aponta A Limey In Bermuda [11][EN], que estava “horrorizado ao ouvir sobre a bala e a carta ameaçadora que foram enviados ao Premiê”. Ele estava também desconfortável com as entonações políticas que acompanhavam a ameaça de morte:

“I suspect it's still too early for the police to say who mailed the bullet. It could have just as easily come from a deranged PLP supporter unhappy about Dr. Brown's leadership as it could from a supporter of the UBP. It's time for all politicians and their supporters to end the spiral of nastiness and mistrust that has lead to this latest low.”

“Eu suspeito que ainda seja muito cedo para que a polícia diga quem enviou a bala. Poderia facilmente ter vindo de um partidário louco do PLP insatisfeito com a liderança do Dr. Brown, como também poderia ter vindo de um apoiador da UBP. Já é tempo para que todos os políticos e seus partidários cessem com a espiral de maldade e desconfiança que nos levou a esta recente situação tão baixa.”

Blogueiros cubanos [12] são bastante eloquentes [13] a respeito das táticas violentas [14] usadas contra os manifestantes que decidiram marchar no Dia Internacional pelos Direitos Humanos, enquanto o jamaicano Francis Wade [15][EN] tenta encontrar uma ligação entre os crimes violentos e o produto interno bruto. A violência doméstica também é bastante prevalente nas sociedades caribenhas e Stella Ramsaroop [16][EN] bloga sobre a questão de uma perspectiva guianesa.

Os blogueiros de Trinidad e Tobago têm muito a dizer sobre as crescentes taxas de criminalidade na nação das ilhas gêmeas. Jumbie's Watch [17][EN] publica imagens de primeira página da imprensa local para reforçar seu ponto:

“This is what crime is doing to the people of Trinidad and Tobago. This is the face of grief, of pain, of hopelessness.”

“Isto é o que o crime está fazendo com o povo de Trinidad e Tobago. Esta é a face da angústia, da dor e da desesperança.”

Ramblings and Reason [18][EN] reconhece que “as coisas estão ruins. Os números são inegáveis… uma imagem tão terrível, estatísticas tão horríveis!”. Ela também reflete sobre o papel da mídia em moldar as percepções da violência.

Now is Wow [19][EN] diz “havia um tempo em que ver a foto de um morto na rua inspirava choque e horror. Então, infelizmente, nos ‘acostumamos com isso’ enquanto nação.”

Se a reação da blogosfera regional é alguma indicação, o povo caribenho não quer ‘se acostumar com isso’, mas Ramblings and Reason lamenta que “estamos cedendo ao medo”.

“It causes churches to reschedule midnight mass and priests to turn away murder witnesses [20]. It gives rise to notions about which kinds of places are safe to lime in and which kinds of people are likely to rob us. It makes us crawl inside the safety of ourselves, separating us from each other more and more.”

“Ele faz com que as igrejas desmarquem as missas de meia noite e padres mandem embora testemunhas de assassinato. Ele dá margem a noções sobre que lugares são seguros para se reunir e quais tipos de pessoa podem provavelmente te assaltar. Ele faz com que nos arrastemos para o interior da segurança de nós mesmos, separando-nos uns dos outros mais e mais.”

(artigo original de Janine Mendes-Franco [21])

O artigo acima é uma tradução de um artigo original publicado no Global Voices Online [22]. Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português [23], com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista [24]. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui [23]. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui [25].