- Global Voices em Português - https://pt.globalvoices.org -

Meio-Ambiente: Bali, energia nuclear e opiniões verdes na África

Categorias: África Subsaariana, África do Sul, Quênia, Desenvolvimento, Economia e Negócios, Filme, Ideias, Meio Ambiente, Mídia Cidadã, Protesto, Relações Internacionais

A marcha virtual das mudanças climáticas de Avaaz [1] O debate sobre mudanças climáticas em Bali está entre os assuntos principais de muitos blogues ao redor do mundo. Um protesto internacional aconteceu em 8 de dezembro para chamar a atenção sobre as mudanças climáticas e para pedir que líderes unam forças para juntos combaterem o problema. Um mapa dos protestos foi criado pelo blogue Avaaz e pode ser visto aqui [2]. Na África subsaariana, particularmente na África do Sul, blogueiros escreveram sobre o debate de Bali, energia nuclear, com alguns compartilhando dicas em como viver de foram ecologicamente correta, fornecendo idéias práticas que podem ser implementadas no dia-a-dia.

Urban Sprout publica um útil ‘Glossário de Acrônimos de Bali’ [3] para ajudar o leitor mediano a entender o significado por trás de muitas das siglas no site da ONU sobre mudança climática. O acrônimo mais comum com o qual você pode se deparar ao ler sobre mudanças climáticas é COP13, que ele explica:

COP 13 – The Conference of the Parties (COP) is the “supreme body” of the Convention, i.e. its highest decision-making authority. It is an association of all the countries that are Parties to the Convention. The COP meets every year, unless the Parties decide otherwise. COP 13 at Bali is the 13th Conference of the Parties to the UNFCCC.

COP 13 – A Conferência das Partes (COP) é o “corpo supremo” da Convenção, ou seja, é a autoridade de maior de tomada de decisões. Trata-se de uma associação de todos os países que são as partes da Convenção. COP se reúne a cada ano, a não ser que as Partes tomem uma decisão em contrário. COP-13 em Bali é a 13ª Conferência das Partes da UNFCCC.

Rory discute as políticas e considerações que COP precisa levar em consideração, observando que ‘eqüidade no desenvolvimento é a chave para negociações climáticas’ [4].

One of the sticking points in the Bali COP 13 climate talks is the impact of agreements on trade, and how climate mitigation strategies affect economic and social challenges particularly in developing countries.

Um dos pontos fixos do debate sobre mudanças climáticas no COP-13 em Bali é o impacto de acordos no comércio, e como estratégias de aplacamento climático afeta desafios econômicos e sociais, especialmente nos países em desenvolvimento.

Rory também escreve sobre uma revolução verde que começa vagarosamente a acontecer na Cidade do Cabo, África do Sul [5], apesar da falta de regulamentações ou parâmetros legais para prédios ecologicamente corretos. Ele menciona dois empreendimentos que incorporam energia solar e técnicas de construção ecológicas, acrescentando que:

The green building revolution will be supported by the Green Building Council of South Africa [6], which is developing a South African accreditation system, but in the absence of a legal framework the real force for change is the investing public.

A revolução da construção ecológica terá o apoio do Conselho de Construção Ecológica da África do Sul [6], que está desenvolvendo um sistema de credenciamento para a África do Sul, mas na falta de parâmetros legais, a verdadeira força para promover mudanças é o público investidor.

Glenn Ashton do EkoGaia faz uma espécie de ‘metanálise’ [7], dizendo que o problema implícito das mudanças climáticas é (em parte) o modelo econômico do ‘capitalismo 2.0′ e que novas idéias se fazem necessárias ao procurar soluções para mudanças climáticas. Ele apresenta a idéia do capitalismo 3.0 [8], acrescentando:

We need a new system. I am not saying here that Capitalism 3.0 is the final solution. What I am saying is that it is one truly constructive part of a shift towards a final solution. But the true final solution must include bringing corporate control of global resources under democratic control. If we fail to manage this, we fail to gain any proper control of the global ecosystem degradation in a manner that even begins to approach a meaningful solution.

Precisamos de um novo sistema. Não estou dizendo aqui que o Capitalismo 3.0 é a solução final. O que estou dizendo é que ele é parte verdadeiramente construtiva de uma mudança no sentido de uma solução final. Mas na verdadeira solução final, o controle coorporativo dos recursos mundiais deve estar sob um controle democrático. Se não conseguirmos gerenciar isso, não seremos capazes de obter qualquer controle adequado da degradação do ecossistema mundial de um jeito que chegue pelo menos perto de uma solução sensata.

Omar Barsawad considera os efeitos do aquecimento global na África [9], e também se lembra da participação do presidente da Uganda, Yoweri Museveni, em um encontro anterior.

When some times back, at an African Union summit, Yoweri Museveni, the President of Uganda, declared that Climate Change is an act of aggression by the wealthier countries and that Africa should be compensated – most observers, then, simply ignored him. But, as it is now, and considering the recent predictions by the IPCC on how gravely Africa will be affected by Global Warming – Museveni had very good reasons to say what he did: Africa, the poorest continent and the least consumer, will suffer most due to Climate Change.

Quando, há algum tempo em uma reunião da União Africana, Yoweri Museveni, presidente da Uganda, declarou que mudanças climáticas é um ato de agressão por parte dos países mais ricos e que a África deveria ser compensada – muitos observadores, na época, apenas o ignoraram. Mas, do jeito que é hoje, e considerando as recentes predições por parte do IPCC sobre como a África será afetada de forma grave pelo aquecimento global – Museveni tinha razões muito boas para dizer o que disse: a África, o continente mais pobre e o menos consumidor será o que mais sofrerá com as mudanças climáticas.

Ele termina com uma nota esperançosa:

Africa's own politicians and leaders should, and need to, show: practical, constructive leadership with foresight, in what could turn out to be Africa's greatest challenge and gravest danger since slavery: Climate Change. Hopefully, too, the ongoing negotiations in Bali, will come up with positive results and a way forward to save our planet from the devastating effects of Global Warming.

Os próprios políticos e líderes da África devem, e precisam, mostrar: liderança prática e construtiva com visão de futuro sobre o que pode vir a ser o maior desafio da África e o perigo mais grave desde a escravidão: as mudanças climáticas. Espera-se, também, que as negociações em curso Bali tragam um resultado positivo e apontem um caminho para salvar o nosso planeta dos efeitos devastadores do aquecimento global.

Andreas do blogue Antidote destaca um novo documentário [10] chamado ‘Uranium Road’ [Rua de Urânio], que está sendo exibido na Cidade do Cabo. Ele observa que esse filme deve gerar debates sérios e convida os leitores a entrar na discussão sobre energia nuclear na África do Sul.

Dax assistiu ao documentário e publica uma resenha [11] dele, dizendo:

The main thrust of the documentary was demonstrating how nuclear energy in apartheid times was shrouded in secrecy and the government used it for profit and for weapons. When the ANC government came into power, before the actually developed a nuclear policy they stated that everything would be done with public input and transparency. Uranium Road then goes on to show how that has not happened and that it is still shrouded in secrecy and there is still very little public participation.

Whenever there is a lack of transparency I become very suspicious. The fact that the government and industry is being so secrective makes me worry. When they fast track environmental studies and subsidise the research 20x more than alternative fuels, I get very worried.

A tônica principal do documentário foi demonstrar como a energia nuclear nos tempos do Apartheid foi envolta em uma aura de segredo e que o governo a utilizou com fins lucrativos e para armas. Quando o governo do CNA [Congresso Nacional Africano] chegou ao poder, antes de efectivamente desenvolver uma política nuclear, eles afirmaram que tudo deveria ser feito com participação pública e transparência. Uranio Road segue mostrando como é que isso não aconteceu, que tudo continua ainda segredo e que ainda há muito pouca participação pública.

Sempre que há falta de transparência, eu desconfio. O fato de que o Governo e a indústria são tão secretos me preocupa. Quando eles acelerarem os estudos ambientais e subsidiarem a pesquisa de combustíveis 20 vezes mais alternativos, eu me preocupo demais.

Em uma postagem anterior sobre energia nuclear [12], Dax reflete sobre a influência do dinheiro nas decisões relativas à energia nuclear na África do Sul.

The next ride we’re being taken on (well, there have been many but this is the next one I want to talk about) is nuclear power. I’m not going to go into the details here, but it is abundantly clear (read 10 reasons here) that nuclear power is not the solution to our energy problems in SA. However, because some companies and people stand to make a ton of money, you can bet your bottom dollar that your tax money will be paying for the construction of the Pebble Bed Modular Reactor. Who cares about what’s right for the people, who cares about what’s right for the environment, as long as some powerful people can make lots of money we are going to go for it.

This really frustrates me.

O próximo engodo que vem aí (bem, são muitos, mas este é o próximo sobre o qual eu quero falar) é a energia nuclear. Não vou entrar nos pormenores aqui, mas é muito claro (leia 10 razões aqui) que a energia nuclear não é a solução para os nossos problemas energéticos na África do Sul. No entanto, porque algumas empresas e as pessoas estão para fazer uma grana preta, você pode apostar o único dólar de sua carteira que o seu dinheiro de imposto estará pagando pela construção do reator modular Pebble Bed. Quem se importa com o que é bom para o povo, quem se preocupa com o que é certo para o meio ambiente, desde que algumas pessoas poderosas possam fazer rios de dinheiro vamos embarcar nessa.

Isso me deixa de fato frustrado.

Também da África do Sul, environment.co.za [13] posta fotos de cicadáceas [14] derrubadas. Modjadji CycadsComo fica explicado na postagem, as razões dadas para a derrubada das árvores foi abrir caminho para pedestres terem acesso às áreas de churrasco (Braais) durante a Copa do Mundo de 2010. O administrador que postou as imagens pergunta:

How many more horrors will be instituted in the name of 2010?

Quantos mais horrores serão cometidos em nome de 2010?

Treevolution elogia a atitude de um acionista ativista [15] que falou durante o AGM (Encontro Geral Anual) do SASOL, uma grande empresa petroquímica da África do Sul.

Treevolution is thrilled with shareholder activist Theo Botha for raising concerns about Sasol’s level of commitment to reduce its greenhouse gas emissions at the petrochemical giant’s AGM last Friday.

A report in Business Day said Botha had pointed out that the company, which is the second biggest carbon dioxide emitter in South Africa after Eskom, had as yet made no capital commitments to address environmental issues, while its shareholders had received dividends worth R5.6-billion this year.

“Shareholders have to acknowledge that this company is making substantial profits but is damaging our environment. This damage has a knock-on effect on the community,” Botha was quoted as saying.

Treevolution está contente com o acionista ativista Theo Botha por ele ter levantado questões sobre o nível de compromisso do Sasol em reduzir emissões de gases na gigante petroquímica AGM na última sexta-feira.

Uma reportagem na Business Day disse que Botha salientou que a empresa, que é a segunda maior emissora de dióxido de carbono na África do Sul depois da Eskom, ainda não tinha se comprometido a abordar questões ambientais, ao passo que os seus acionistas receberam dividendos no valor de R5,6 bilhões neste ano.

“Os acionistas devem reconhecer que a empresa está ganhando lucros substanciais, mas que está prejudicando o nosso meio-ambiente. Este dano causa um efeito dominó na comunidade”, teria dito Botha.

Treevolution também posta algumas dicas para viver de forma ecologicamente correta [16], sugerindo “Não jogue fora recipientes de vidro, como garrafas e jarras. Vidro não é biodegradável, mas é 100% reciclável”. As estatísticas são:

Only 140,000 tons, or 20 percent, of all glass containers produced annually in South Africa are retrieved for recycling. About 550,000 tons of waste glass still finds its way into our landfills.

Apenas 140.000 toneladas, ou 20 porcento de todos os recipientes de vidro produzidos anualmente na África do Sul são separados para reciclagem. Cerca de 550.000 toneladas de vidro desperdiçadas se encontram em nossos aterros sanitários.

Manufacturing Hub.co.za posta sobre como manter a par das emissões individuais de carbono [17], destacando um site que disponibiliza uma ferramenta gratuita que calcula o rastro de carbono de uma pessoa.

Coda tem colecionado dicas sobre como viver de forma ecologicamente correta e acrescenta mais informações a essas dicas a medida que ele aprende a como ‘viver verde’. Nessa postagem [18], Coda olha as estatísticas sobre o uso de água engarrafada, inclusive fatos sobre a qualidade da água na África do Sul em relação a outros países. Ele inclui alguns fatos incômodos sobre água engarrafada, sendo um deles:

With no residual disinfectant present in bottled water (it's only disinfected at source), microorganisms are free to grow and multiply in the water once it leaves the source. As a result, it has been shown that microorganisms grow in the bottles after bottling and while they stand on shop shelves.

Sem desinfetantes residuais presentes na água engarrafada (que é só desinfetada na fonte), microorganismos crescem e multiplicam-se livremente uma vez que a água deixa a fonte. Como resultado, foi demonstrado que microrganismos multiplicam-se nas garrafas após o engarrafamento e enquanto as garrafas esperam nas prateleiras das lojas.

Do Quênia vem uma idéia do empresário John Wesonga [19], que vê um potencial em terceirização comunitária [20] [en] para resolver problemas na África.

Africa's problems are many, and the solutions to these problems can be found in its people, crowd sourcing may help with tackling such important issues as the environment, where the communities that are affected the most may be used to come up with solutions that can then be implemented.

Os problemas da África são muitos, e as soluções para esses problemas podem ser encontradas em seu povo, terceirização comunitária pode ajudar na resolução de problemas importantes como os do meio-ambiente, onde as comunidades que são mais afetadas podem ser usadas para encontrar soluções que podem então ser colocadas em prática.

Concluimos com um pouco de humor, cortesia de Reluctant Memsahib [21] que descreve uma excursão da qual perticiparam seu marido, uns japoneses sérios e um ministro do meio-ambiente, viajando em 23 4X4 Land Cruisers; ‘Só na África’ [21].

[Nota da tradução: Todos os links levam a sites em inglês]

(texto original de Juliana Rotich [22])

 

O artigo acima é uma tradução de um artigo original publicado no Global Voices Online [23]. Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português [24], com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista [25]. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui [24]. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui [26].