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Colômbia: Imagens da senadora com líderes das FARC

Categorias: América Latina, Colômbia, Guerra & Conflito, Blogueiros

O presidente venezuelano Hugo Chávez está reunido com membros das FARC e com colombianos enviados para organizar um intercâmbio humanitário, onde reféns colombianos, como o ex-candidato a presidente Ingrid Betancourt e Clara Rojas [1] que vêm sendo mantidos em cativeiro por mais de 10 anos, seriam libertados em troca de certas ações a serem tomadas pelo governo colombiano. Algumas imagens produzidas durante as discussões sobre o intercâmbio humanitário causaram aflição em muitos blogueiros.

Um galeria de fotos sobre o acontecimento pode ser encontrada no site da Agência Bolivariana de Imprensa [2].

Para contextualizar um pouco, Kate, em uma perspectiva colombiana-americana [3], escreve:

The humanitarian exchange [is] to be realized between the Colombian government and the FARC terrorists. Colombians have been divided on this topic; some feel that the negotiation is good, in that FARC will have a chance to prove itself to be trustworthy, with a more long-term goal being that they will become a formal political actor; others have condemned this mediation as a way in which the FARC will make lofty promises without fulfilling their end of the bargain, as their past track record, coupled with the way they have viciously affected thousands of Colombian families, leaves much to be desired.

O intercâmbio humanitário [está] para ser realizado entre o governo colombiano e os terroristas das FARC. Os colombianos estão divididos quanto a essa questão: alguns sentem que a negociação é boa, no sentido de que as FARC terão a chance de provar que são dignas de confiança, ao conseguirem mais um objetivo a longo prazo, onde eles se tornarão um ator político formal; outros condenam esta mediação, no sentido de que as FARC farão promessas grandiosas sem cumprir a finalidade da troca, visto que os registros de sua trajetória, combinados com o modo pelo qual eles afetaram a milhares de famílias colombianas, deixam muito a desejar.

Uma das mediadoras, escolhida pelo presidente colombiano Álvaro Uribe Vélez, é senadora da oposição, Piedad Córdoba, e as imagens polêmicas da ABP (Agência Bolivariana de Imprensa) mostram líderes do grupo terrorista FARC abraçados à senadora Córdoba [2], que está usando uma boina igual a dos líderes das FARC e segurando um buquê de flores, com um pequeno sorriso no rosto.

El Observador Solitario [es], em seu post intitulado “Mantenha seus amigos próximos e seus inimigos mais próximos ainda” [4], escreve sobre a inutilidade da decisão de colocar Piedad Córdoba, da oposição, para discutir o intercâmbio humanitário. Ele apóia sua teoria com dois argumentos, ressaltando que as condições impostas pelas FARC para o cambio são ridiculamente altas, e que a organização está dividida atualmente. Este acordo somente aconteceria com uma fração da organização rebelde, e já que as FARC possuem vantagem agora com a sua expansão para a Venezuela, onde encontraram um paraíso seguro por lá.

De acordo com o blogueiro Víctor Solano, Piedad Córdoba mencionou que as fotos foram tiradas fora de contexto [5], [es] que ela tinha acabado de pegar uma boina deles como uma brincadeira e que ficou surpresa com o buquê entre as mãos.

Ricardo Buitrago [6] [es] escreve com severidade em seu post “O abraço ofensivo de Piedad”:

La foto del emotivo abrazo de la senadora Piedad Córdoba con los jefes de las FARC, en su reciente reunión en el palacio Miraflores constituye una nueva bofetada del grupo insurgente, que con la indolencia y permisividad de quienes se proclaman defensores del pueblo, han hecho del dolor de los familiares de la victimas del conflicto y del pueblo colombiano, rey de burlas. No se le podía olvidar a quien abraza efusivamente a los subversivos, que estos fueron los que cometieron el atroz crimen de los 11 diputados, los mismos que han efectuado cualquier cantidad de atentados con numerosas victimas en el país, los que trafican con drogas y los que tienen a numerosas personas retenidas en condiciones de cautiverio infrahumanas.

As fotos do emotivo abraço entre a senadora Piedad Córdoba e os lideres das FARC, em sua recente reunião no palácio Miraflores, constitui uma nova bofetada do grupo rebelde, que, com a permissividade de quem se proclama defensor do povo, provocou dor aos familiares das vítimas do conflito e ao povo colombiano, tornando a questão ridicularizada. Os que abraçam efusivamente os subversivos não devem esquecer que estes cometeram crimes atrozes contra 11 deputados, provocaram atentados, deixando numerosas vitimas no país, traficam drogas e seqüestraram numerosas pessoas mantidas em condições de cativeiro desumanas.

O Porto-riquenho Nelson del Castillo [7], na ABP, defendeu as imagens e os gestos que eles exibem em um artigo intitulado: O sorriso de Piedad Cordoba é um antídoto para o desespero. [es]

¡Vaya error de Piedad Córdoba! Sonreír en medio de conversaciones conducentes, esperamos, a la liberación de prisioneros y, además, colocar en su cabeza una boina que posiblemente simboliza la siembra de confianza.

Que erro de Piedad Córdoba! Sorrir no meio de conversações propícias para que se possa libertar os prisioneiros; além disso, colocar uma boina em sua cabeça provavelmente simboliza a disseminação da confiança.

Alguns, como Víctor Solano em Desnudos (untying knots) [8] [es] está cauteloso e espera ver o que acontece, torcendo para que tudo valha a pena no final. Ele escreve que as imagens levantam suspeitas ao trabalho de Córdoba com o presidente venezuelano Hugo Chávez e com as FARC. Entretanto, eles são a única ação concreta tomada para alcançar o câmbio humanitário, que permitirá que reféns retornem para suas casas , e cabe à senadora Piedad Córdoba provar que toda essa fraternidade com Chávez e com as FARC seja condutora de ações firmes. Victor fecha seu artigo separado em ¿Comunicación? [5] [es] com a seguinte frase:

Si Córdoba quiere fortalecer su gestión debe tener claro que comunica tanto lo que dice como lo que no dice; lo que muestra como lo que esconde.

Se Córdoba deseja fortalecer sua gestão deve ter claro que comunica tanto o que diz quanto o que não diz: tanto o que mostra como o que esconde.

Matéria de Juliana Rincón Parra [9].

O artigo acima é uma tradução de um artigo original publicado no Global Voices Online [10]. Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português [11], com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista [12]. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui [11]. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui [13].