Memorial ao Genocídio de Tsitsernakaberd, Yerevan, República da Armênia
Não é com freqüência que a Armênia chega às manchetes internacionais ao redor do globo, mas quando acontece, é normalmente por causa de um assunto que permanece intensamente debatido até os dias de hoje: o massacre e a deportação de cerca de 1,5 milhões de armênios do Império Otomano 1915-17. 22 países reconheceram que os eventos que aconteceram na reta final da Primeira Guerra Mundial como genocídio, uma acusação que a República da Turquia dos dias de hoje se recusa a aceitar ainda que o termo tenha sido criado por Raphael Lemkin [en], em 1943, tendo em mente as experiências da Armênia e dos judeus.
A maior parte dos acadêmicos também reconhecem que o genocídio da Armênia como tal, mas para a grande e influente diáspora armênia, o reconhecimento por parte dos Estados Unidos é considerado o objetivo principal de sua permanente campanha internacional. Não é de se estranhar, então, que quando a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou uma resolução reconhecendo o genocídio na Armênia [en] por 27 votos a 20, no dia 10 de outubro, a notícia não apenas tenha parado nas manchetes internacionais, mas também tenha definido a conversa em boa parte da blogosfera.
Escrevendo no Life in Armenia do Cilicia.com logo após a aprovação da resolução, uma armênio-americano baseado no Yerevan, Raffi Kojian, observou a proeminência da notícia [en] como um assunto importante entre os veículos internacionais.
What was very interesting for me this morning, was reading all the news articles, and there was definitely no shortage of them. I opened Google News to search for “Armenian Genocide” to see if it passed, but instead was greeted with “Armenian Genocide Resolution Passes Committee” as the top headline, with 650 stories already on the topic. That’s big news! The coverage and points being raised were quite varied, from the sickening editorial in the Washington Post to widespread calls for doing the right thing. Lantos, head of the committee, summarized the vote beforehand as choosing between acknowledging a genocide, and appeasing Turkey for military reasons. Basically, do the right thing, or give in to the questionable arm-twisting of a supposed ally – though he did not put it in those undiplomatic terms.
Uma coisa interessante para mim na manhã de hoje foi ler todas as notícias, e certamente notícia era o que não faltava. Eu abri o Google News para procurar “Genocídio da Armênia” para ver se tinha sido aprovada, mas em vez disso fui surpreendido com a manchete “Comitê aprova resolução do genocídio da Armênia” como a manchete do dia, com já 650 notícias sobre o assunto. Grande notícia! A cobertura e pontos levantados era bem variada, desde o nojento editorial no Washington Post a pedidos para que a coisa certa seja feita. Lantos, presidente do Comitê, resumiu a votação antecipadamente, escolhendo entre reconhecer um genocídio, e apaziguando a Turquia por razões militares. Basicamente, faça coisa certa, ou ceda ao questionável método de torcer o braço de um suposto aliado – embora ele não tenha dito isso com esses termos nada diplomáticos.
Embora resoluções do tipo não sejam coisa nova nos Estados Unidos, com experiências no passado mostrando que preocupações com segurança nacional e objetivos da política exterior normalmente previnem que esse reconhecimento torne-se lei, a reação de blogueiros na diáspora foi arrebatadora. Escrevendo no Life in the Armenian Diaspora do Cilicia.com, Lori escreveu uma postagem [en] seguindo essas mesmas linhas.
I’ll never forget this day! How monumental is this? Sitting in California unable to watch the House Foreign Affairs Committee meeting I had my father calling me from Armenia to provide periodic updates since he was able to watch the session live. I can’t even begin to express how I’m feeling right now, I’m happy, proud, relieved, ecstatic, encouraged, hopeful…..Finally, our efforts weren’t in vain. Finally, a president didn’t succeed in shooting this resolution down. I must say that as a Clinton supporter I was disappointed in him, but I expected it from Bush and it feels SO GOOD seeing his efforts to stop this resolution from passing fail. I want to find the 27 members of the committee who voted and shake their hands. I want to thank them for not buying into the threats Turkey made and for not allowing themselves or their ethics to be bought by the Turkish lobby, for not bending over and being Turkey’s puppets.
Eu nunca esquecerei esse dia! O quando monumental ele é? Sentada na Califórnia sem poder assistir ao encontro da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, meu pai ligava da Armênia para que eu passasse as últimas notícias, já que ele não podia assistir à sessão ao vivo… Eu não posso nem começar a expressar como me sinto nesse momento, estou feliz, orgulhosa, esperançosa, aliviada, empolgada, motivada, esperançosa…..Finalmente, nossos esforços não foram em vão. Finalmente, um presidente não sucedeu em detonar essa resolução. Eu devo dizer que como apoiadora de Clinton, eu fiquei desapontada com ele, mas eu esperava isso de Bush e é TÃO BOM ver seus esforços para impedir que essa resolução fosse aprovada cair por terra. Eu quero encontrar os 27 membros do comitê que votaram e apertar a mão deles. Eu quero agradecer a eles por não terem sucumbido às ameaças da Turquia, e por não terem permitido que o lobby turco comprasse a ética deles, por não terem abaixado a cabeça e se feito marionetes da Turquia.
A reação da blogosfera turca, no entanto, foi obviamente diferente. Mesmo 92 anos após o evento que a maioria das pessoas considera genocídio, a República da Turquia assim como os turcos de hoje negam que o evento tenha acontecido. Além disso, eles acusam os armênios da diáspora, em vez da República da Armênia dos dias de hoje, pelas tentativas de ter o genocídio reconhecido nos Estados Unidos. Enquanto o governo turco respondeu à aprovação da resolução com ameaças de retirada do apoio logístico às tropas americanas no Iraque, Erkan’s Field Diary foi um dos primeiros blogues turcos a reagir às notícias [en].
27 members of the House Foreign Affairs Committee who are the representatives of American citizens are meddling into a past they have no f***** idea, acting as peons of a genocide industry… Well done dudes, this shows very well that a Democrats-controlled Congress is even worse for Turkey. I hope you can do any good for your own people after making Middle East even messier with your anti-Turkish attitude…
Os 27 membros da Comissão de Relações Exteriores da Câmara que são os representantes do povo americano estão se intrometendo com um passado do qual eles não entendem p**** de nada, agindo como peões de uma indústria do genocídio … Muito bem, garotos, isso mostra muito bem que um congresso controlado pelos Democratas é ainda pior para a Turquia. Eu espero que vocês consigam fazer o bem para o seu próprio povo depois de fazer o oriente médio ainda mais bagunçado com essa atitude anti-turca …
Fronteira entre a Armênia e a Turquia, Khor Virap, Região de Ararat, República da Armênia
Ainda assim, considerando que a resolução acima de tudo interessava à Armênia e à Turquia, dois países que apesar de dividirem uma fronteira fechada e não terem estabelecido laços diplomáticos principalmente por conta da campanha internacional pelo reconhecimento do genocídio, o volume maior de postagens sobre esse evento veio primariamente de blogueiros americanos e ingleses. Para começar, o motivo foi que antes da votação pela Comissão da Câmara, o Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, tentou interferir para prevenir a sua aprovação [en].
A blogosfera foi incendiada por postagens de cidadãos americanos protestando contra o fato. 1 Boring Old Man ficou particularmente irritado [en], mostrando que Bush estava longe de ser a pessoa mais apropriada para dar opiniões sobre “crimes contra a humanidade”.
I doubt that Mr. Bush knows where Armenia is unless someone briefed him recently, or knows anything about the Turks and the Ottoman Empire, or knows who Mustafa Kemal Atatürk was or of his place in Turkish history, or has read anything [even Wikipedia] about the Armenian/Turkish struggles, or cares much about any of these things. All he knows is that it is not politically expedient for our country to acknowledge the Armenian mass killing as a genocide because it will infuriate the Turks who are NATO Allies. His deepest understanding is to do the politically expedient thing.
[…]
He’s no person to be entering the debate about the Armenian Genocide. First, he doesn’t know anything about it. Second, the issue is way too close to home for him to be objective. He cites his “War on Terror.” What he doesn’t mention is his own Terrorism…
Eu duvido que o Sr. Bush saiba onde a Armênia é a não ser que alguém tenha contado a ele recentemente, ou saiba qualquer coisa sobre os turcos e o Império Otomano, ou saiba quem Mustafa Kemal Atatürk foi ou o seu lugar na história da Turquia, ou tenha lido qualquer coisa [até mesmo no Wikipedia] sobre as lutas entre armênios/turcos, ou se preocupa para valer com qualquer uma dessas coisas. Tudo o que ele sabe é que não é politicamente vantajoso para o nosso país reconhecer a matança de armênios como um genocídio, porque isso deixará os turcos, que são aliados da OTAN, revoltados. Seu conhecimento mais profundo é a parte da vantagem política.
[…]
Ele não é a pessoa certa para entrar no debate sobre o genocídio armênio. Primeiro, ele não sabe coisa alguma sobre isso. Segundo, o problema está muito perto de casa para ele conseguir ser objetivo. Ele cita a ‘Guerra contra o Terror”. O que ele não menciona é o seu próprio terrorismo…
Winter Patriot concordou [en].
[…] As far as I can tell, it boils down to a question of language. We’re not supposed to call a historical crime against humanity by its rightful name because that would put a crimp in the current crime against humanity, which we are also not supposed to call by its rightful name.
[…] Até onde eu posso dizer, tudo se reduz a uma questão de linguagem. Não devemos chamar um crime histórico contra a humanidade pelo nome que ele merece, porque isso colocaria um arranhão no crime contra a humanidade atual, o qual também não devemos chamar pelo nome certo.
Dois dias depois, a conversa mudou à medida que a Casa Branca continuava a colocar pressão para prevenir a resolução de ser colocada para votação no Congresso americano, em novembro. Com a Turquia continuando a fazer ameaças de prevenir as tropas americanas de serem supridas no Iraque por meio de seu território, e com o embaixador turco sendo “temporariamente removido”, opositores da resolução começaram a acusar a presidente do congresso americano, Nancy Pelosi, de dar apoio à Resolução 106 da Câmara como uma tentativa de frustrar o esforço da guerra. Blogues como The Hill’s Pundits seguiu a mesma corrente no ciberespaço [en].
Speaker Nancy Pelosi has picked the worst time to play politics when it comes to Iraq, Turkey and Armenia.
[…]
We are now in a real war with terrorists. We have more than 100,000 troops in Iraq. We have the Turks threatening to invade Kurdistan, just as Joe Biden talks about creating Kurdistan out of the ashes of Iraq. We have a more Islamic-leaning Turkish government. We are a fighting a global war on terror, where we need the help of the Turks more than ever.
And Nancy Pelosi has decided to bring the same resolution to the floor, threatening our national security by playing politics.
[…]
This is a bad time to play politics, Madame Speaker, especially on this issue, follow the lead of your predecessor. Choose American national security over domestic politics.
A presidente da casa Nancy Pelosi escolheu a hora errada para fazer politicagem quando assunto é Iraque, Turquia e Armênia.
[…]
Estamos agora em uma verdadeira guerra contra os terroristas. Temos mais de 100.000 homens no Iraque. Temos a Turquia ameaçando invadir o Curdistão, bem na hora em que Joe Biden fala sobre criar o Curdistão a partir das cinzas do Iraque. Temos um governo na Turquia com uma inclinação mais islâmica. Estamos lutando uma guerra global contra o terror, onde precisamos da ajuda dos turcos mais do que nunca.
E Nancy Pelosi decidiu trazer a mesma resolução ao plenário, ameaçando nossa segurança nacional por politicagem.
[…]
Essa é uma hora errada para fazer politicagem, Madame Presidente, especialmente sobre esse assunto, siga os passos de seu antecessor. Escolha a segurança nacional americana em vez de políticas domésticas.
O Simi Valley Sophist foi além e de fato acusou Pelosi de traição [en].
Despite the Turkish threat, Pelosi is pushing forward with the resolution. What is Pelosi’s political imperative? It surely is not Armenian votes. And, it surely is not a fear of additional American service personnel deaths.
[…]
Now, you go ahead and tell me that Pelosi cares about the welfare of our troops. And, you go ahead and tell me that Pelosi actually cares about the memories of Armenians. I’ll submit to you that Pelosi has simply found another mechanism to throw a monkey wrench into the Iraqi war effort. I’m sorry, but I don’t find that patriotic. I hark back to the Vietnam War era traitor, Jane Fonda.
Apesar da ameça dos turcos, Pelosi está colocando a resolução para frente. Qual seria o fundamento político de Pelosi? Certamente não é o voto dos armênios. E certamente não é o medo de mais mortes na tropa americana em serviço.
[…]
Agora, vá em frente e me diga que Pelosi se preocupa com com o bem-estar de nossas tropas. E siga em frente e me diga se ela realmente se importa com a memória dos armênios. Eu apenas direi a você que Pelosi simplesmente encontrou outra forma de sabotar os esforços da guerra no Iraque. Lamento muito, mas não acho que isso seja patriotismo. Eu remeto à traidora da era da Guerra no Vietnã, Jane Fonda.
This Ain’t Hell… concordou [en].
[…] Historians will remember that the Democrat “leadership” (using the term loosely) are a traitorous bunch of double-dealing, back-stabbing punk-ass sissies who can’t summon the fortitude to stand up to a few squeakywheels on the internet. That’ll be their legacy.
[…] Historiadores se lembrarão da “liderança” Democrata (usando o termo vagamente) como um bando de traidores hipócritas, mariquinhas bundas-mole de duas caras que não podem juntar forças para enfrentar alguns histéricos na internet. Essa será a herança deles.
Encarando esse clamor em casa, talvez não seja difícil de imaginar que muitos representantes do congresso que apoiaram a resolução começaram a retirar apoio à Resolução 106. É interessante notar, porém, que poucos desses blogueiros que se opuseram à resolução negaram que o genocídio armênio existiu. Em vez disso, mais uma vez, segurança nacional e objetivos da política exterior tomaram precedência sobre o que muitos armênios consideram uma questão de “justiça histórica”. Cribs and Ranting foi um deles [en].
It was a grand and appropriate gesture, befitting statesmen, by the US House of Representatives to officially dub the massacre of Armenians by the Ottoman Turks as “genocide”. The US need not have made the first move on this, but it did it in line with its assumed role as a global leader, as a beacon of freedom to the rest of the world.
Unfortunately, reality hit the House representatives, real hard. It is not the truth that prevails, even if it is a genocide. Usually it are the hard, cynical ground realities that win.
[…]
Worried about antagonizing Turkish leaders, House members from both parties have begun to withdraw their support from a resolution backed by the Democratic leadership that would condemn as genocide the mass killings of Armenians nearly a century ago, reports The New York Times.
[…]
Turkey has promised to turn over documents and support a conference to determine whether there was a genocide of Armenians. That conference would take years to convene, and maybe years to arrive at any conclusion. But it may now provide the House of Representatives a fig-leaf of an excuse to get out of the embarrassment their idealism got them into.
Foi um gesto grandioso e apropriado, condizente com a posição de estadista, da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos em oficialmente chamar o massacre dos armênios pelos turcos otomanos de “genocídio”. Os EUA não precisam dar o primeiro passo nesse caso, mas o fizeram em linha com o papel que assumiu de líder global, de baliza da liberdade para o resto do mundo.
Infelizmente, a Câmara caiu na real, com um golpe duro. Não é a verdade que prevalece, mesmo em caso de genocídio. Normalmente, é a dura, cínica realidade de pé no chão que vence.
[…]
Preocupados em não contrariar os líderes turcos, membros do parlamento de ambos os lados começaram a retirar o apoio dado à resolução e apoiada por lideranças democráticas que condenaria como genocídio o assassinato em massa de armênios, há quase um século, deu no The New York Times.
[…]
A Turquia prometeu abrir documentos e apoiar uma conferência apara determinar se houve ou não um genocídio de armênios. Essa conferência pode levar anos para acontecer, e talvez anos para chegar a alguma conclusão. Mas pode ser que isso dê à Câmara de Deputados uma boa desculpa para escapar do constrangimento deixado pelo seu idealismo.
Deja vu — o mesmo aconteceu em 2000 [en] quando outra resolução reconhecendo o genocídio armênio estava para ser levada para votação no congresso. Não foi muito tempo antes dos blogueiros armênios como ArtMika do Unzipped começou a escrever mais [en] sobre assuntos que, para dizer a verdade, não deveriam surpreender ninguém.
It seems that Bush + Turkey & co ‘succeded’ again. A number of House members panicky withdrew their support as co-sponsors of the resolution. To get majority seems unlikely now, and House Speaker Nancy Pelosi may be forced to shelve or postpone it. I felt kind of disgust when read the news (below, via iararat). They used us or got used and then threw away… as usual. Pure ‘moral dimension’ in politics.
[…]
ABC News’ George Stephanopoulos reports: “According to Congressional and Bush administration sources, House Speaker Nancy Pelosi is now unlikely to bring a resolution which would label the deaths of Armenians in a conflict more than 90 years ago as “genocide”.
Parece que Bush + Turquia e Companhia ‘ganharam’ novamente. Um determinado número de parlamentares entraram em pânico e retiraram o apoio como cooperadores da resolução. Para conseguir a maioria, parece impossível agora, e a presidente da Casa, Nancy Pelosi, pode ser forçada a engavetar ou adiar a resolução. Eu senti meio que nojo quanto vi a notícia (abaixo, via iararat). Eles nos usaram ou foram usados e então se mandaram … como sempre. Pura ‘dimensão moral’ na política.
[…]
George Stephanopoulos da ABC News relata: “De acordo com fontes no congresso e da administração de Bush, a presidente da casa Nancy Pelosi dificilmente conseguirá aprovar a resolução que rotularia as mortes de armênios em um conflito há mais de 90 anos como “genocídio”.
Ainda assim, enquanto a história parece estar para se repetir com outra resolução sendo bloqueada por causa de preocupações com a guerra no Iraque e as relações EUA-Turquia, alguns precedentes interessantes aconteceram na blogosfera. Primeiro, como foi o caso do assassinato étnico do jornalista e editor armênio Hrant Dink [en] em Istambul, a blogosfera armênia foi mais definida por numerosas postagens de não-armênios.
De verdade, a conversação global e na imprensa também procura opiniões de blogueiros e internautas. Um desses foi o Inside Higher Ed que publicou um artigo interessante sobre o papel da academia no debate sobre o genocídio Armênio. O artigo online permitiu comentários [en] ida mesma forma que uma postagem normal em blogue permite.
Mais significante, talvez, e embora os blogueiros armênios e turcos evitaram discutir a Resolução 106 juntos online, alguns turcos tentaram alcançar os armênios através de seus blogues. Um desses foi o escritor turco, Mustafa Akyol [en], no The White Path.
A few days ago a new friend of mine who happens to be an American Armenian played some beautiful songs for me that come from the deepest roots of her ethnic tradition. While I enjoyed the numinous rhythms of that magnetic Armenian music, I realized how similar they were to the tunes of the Turkish classical music that I have grown up hearing. “Despite all the political warfare,” I said to myself, “alas, look how similar we are.” I actually have a similar feeling when I drive along the magnificent mosques and palaces of Istanbul, some of which were built by Armenian architects – men in fez who devoutly worshiped Christ and proudly served the Sultan.
Well, we were the children of the same empire, weren't we? We actually lived side by side as good neighbors for centuries until the modern virus called “nationalism” descended upon us. And then hell broke loose.
[…]
Convey your message calmly, in other words, and it will be heard. But don't try to impose it onto us. We are not a nation of monsters, but we do have a stubborn side. When foreigners start to dictate our history to us, we tend to revert back to our grandmothers’ stories. And if we will start listening to your narrative, that will not be because we are pushed into a corner by the politics of a powerful lobby, but because our hearts are touched by the memoirs of a terrible tragedy.
Há alguns dias, um amigo meu que acontece de ser um americano-armênio, tocou algumas belas canções que vêem das mas profundas raízes de sua etnia. Enquanto eu me deliciava com os formidáveis ritmos daquela magnética música armênia, eu me dei conta do quão parecidas elas são com a música clássica turca que eu cresci ouvindo. “Apesar de toda a guerra política” eu disse a mim mesmo, “oh! veja como somos parecidos”. Na verdade, eu tenho um sentimento parecido quando dirijo entre as magnificentes mesquitas e palácios de Istambul, alguns dos quais foram construídos por arquitetos armênios, homens que devotadamente cultuavam Cristo e serviam ao Sultão com orgulho.
Bem, nós éramos os filhos do mesmo império, não éramos? De fato, vivemos lado a lado como bons vizinhos por séculos, até que um vírus moderno chamado “nacionalismo” caiu sobre nós. E aí foi o inferno.
Passe a sua mensagem com calma, em outras palavras, e ela será ouvida. Mas não tente a impor a nós. Não somos uma nação de monstros, mas temos um lado teimoso. Quando estrangeiros começam a ditar a nossa história para a gente, tendemos a voltar às estórias de nossas avós. E se começarmos a ouvir as suas narrativas, não será porque fomos encurralados em uma esquina por políticos de um lobby poderoso, mas porque nossos corações foram tocados pelas memórias de uma tragédia terrível.
[…]
Além de Raffi Kojian no Cilicia.com e eu mesmo, poucos blogueiros armênios escolheram tomar parte do que pode ser considerado um convite para a discussão e o debate. No geral, as blogosferas turcas e armênias permaneceram polarizadas e isoladas uma da outra, embora tanto o Talk Turkey quanto o Blogian foram exceções notáveis. Tomara que, com a resolução continuando em pauta nas discussões nos círculos políticos americanos, mais blogueiros armênios e turcos se comunicarão nesse assunto.
Certamente, e ainda que a sorte da Resolução 106 da Câmara permaneça incerta, Global Voices continuará a manter seus leitores atualizados com as últimas notícias. Até agora, as últimas postagens na blogosfera representam os dois principais pontos de vista em circulação – que o genocídio armênio aconteceu e que deve ser reconhecido ou que ele aconteceu, mas a resolução nos Estados Unidos não é o caminho para acertar o que a maioria considera um erro histórico.
While I understand the need to maintain good relations with an Islamic democracy, NATO member, and strategic ally, we cannot play along with Turkey’s policy of whitewashing history and suppressing dissent. The United States cannot be a moral leader in the world if we only stand up for human rights issues when economic and strategic interests aren’t at stake.As the bill’s sponsor, Rep. Adam Schiff (CA-29) asks:
“How can we take effective action against the genocide in Darfur if we lack the will to condemn genocide whenever and wherever it occurs?”
Enquanto eu entendo a necessidade de manter boas relações com uma democracia islâmica, membro da OTAN e aliado estratégico, não podemos jogar do lado da política da Turquia de ocultar a história e suprimir dissidências. Os Estados Unidos não podem ser um líder moral no mundo se a gente apenas defende questões de direitos humanos quando interesses econômicos e estratégicos não estão em risco. Como o congressista, Rep. Adam Schiff (CA-29) pergunta:
“Como podemos tomar medidas eficientes contra o genocídio em Darfur se nos falta a vontade de condenar genocídio, seja qual for o local e a época em que ele tenha acontecido?”
Georgetown University College Democrats [en]
Is there an example of more extreme, hypocritical arrogance than the U.S. Congress, and other politicians, as well as newspapers columnists and human activists attempting to have a resolution passed acknowledging the Armenian genocide by Turkey?
[…]
The fact that the U.S. Congress wants to pass a resolution regarding the genocide that Turkey has committed, but has not said anything about the genocides the United States is responsible for, shows that passing these type of resolution is completely meaningless.
Existe algum exemplo de mais extrema, hipócrita arrogância do Congresso Americano, e outros políticos, assim como colunistas de jornais e ativistas de direitos humanos tentando que uma resolução reconhecendo o genocídio armênio pelos turcos seja aprovada?
[…]
O fato de que o Congresso Americano deseja passar uma resolução relacionada ao genocídio que a Turquia cometeu, mas não disse nada sobre os genocídios pelos quais os Estados Unidos são responsáveis mostra que passar esse tipo de resolução não significa absolutamente nada.
GettingTruth [en]
Two days ago, I lauded George Bush for having the courage to meet publicly with the Dalai Lama. Today I am embarassed to note that the American Congress has succumbed to the pressure exerted upon it by the Bush White House by refusing to recognize the Armenian Genocide. […]
[…]
We are not talking here about a compromise on a tax treaty, a trade-off on a bill to support pork producers if someone supports your wheat farmers. We are talking about the killing of 1.5 million people. Recognizing genocide for what it is will not bring the dead back. But it will do justice to their memory and let others know that there will be no negotiating or compromising on the issue. Shame on Bush and shame on the US Congress.
Há dois dias, eu aplaudia George Bush por ter tido a coragem de se encontrar em público com Dalai Lama. Hoje eu estou envergonhado em notar que o Congresso Americano sucumbiu à pressão colocada sobre ele pela Casa Branca de Bush ao se recusar a reconhecer o genocídio armênio. […]
[…]
Não estamos falando aqui de um acordo sobre um tratado de impostos, um sacrifício de um projeto de lei
para dar apoio aos nossos criadores de porco se alguém apoiar os seus produtores de trigo. Estamos falando da matança de 1.5 milhões de pessoas. Reconhecimento do genocídio como o que é não trará os mortos de volta. Mas fará justiça à suas memórias, e deixar os outros saberem que não haverá negociações ou cessão nesse assunto. Vergonha para Bush e para o Congresso Americano.
University of Alabama Faculty of Law [en]
There seems little historical doubt that the Armenian massacre was indeed genocide. The eye-witness accounts of the time are overwhelming, and Ottoman government documents talking openly about eliminating the Armenians as a people group are plentiful from the period 1915–1917. But with the U.S. dependent on the friendship of Turkey to support a difficult war in Iraq, it seems at the very least an ill-timed notion to rub Turkey’s face in the judgment of history. True, all Armenians and American-Armenians will feel affirmed by official American national recognition of the injustice they suffered. But isn’t it more important that the Turks themselves should finally come to acknowledge the truth of what happened to the Armenians 92 years ago? That may yet take decades to come to pass. Assuredly, it won’t be hastened by this week’s Congressional resolution. And what if resupplying American troops in Iraq is seriously compromised by a Turkish curtailment of U.S. base usage in Turkey? To rephrase Congressman Lantos’ well-stated dilemma: “Is the gratification of wounded Armenian sensibility worth the possibly serious risk that could ensure to American forces in wartime?” […]
Há poucas dúvidas históricas de que o massacre na Armênia foi de fato genocídio. Os depoimentos de testemunhas da época são decisivos, e são muitos os documentos do governo otomano falando abertamente da eliminação dos armênios enquanto grupo de pessoas entre os anos 1915 e 1917. Mas com os EUA dependentes da amizade da Turquia para apoiar uma guerra difícil no Iraque, parece ser, pelo menos, um momento inoportuno para esfregar o julgamento da história da cara da Turquia. É verdade que todos os armênios e americanos-armênios sentirão reconhecimento se houver reconhecimento oficial na América das injustiças que eles sofreram. Mas não seria mais importante que os próprios turcos reconhecessem a verdade sobre o que aconteceu com os armênios 92 anos atrás? Isso deve ainda demorar décadas para acontecer. Certamente não será precipitado pela decisão no Congresso essa semana. E o que aconteceria se o reabastecimento das tropas americanas for seriamente comprometido por uma redução do apoio turco na base americana na Turquia? Colocando em outras palavras o bem colocado dilema do congressista Lantos: “A gratificação da sensibilidade machucada dos armênios vale os sérios riscos possíveis que poderiam acontecer às forças americanas em época de guerra?” […]
Implications [en]
The Armenian Observer também traz um resumo [en] do que os blogueiros armênios na República e em diáspora escreveram sobre a resolução, e há uma cobertura completa no blogue Oneworld Multimedia. Por agora, a notícia parece estar certa de ter continuidade.
Sobrevivente do genocídio, Arax, Região de Armavir, República da Armênia
Todas as fotografias © Onnik Krikorian / Oneworld Multimedia 2005-6
(texto original de Onnik Krikorian)
O artigo acima é uma tradução de um artigo original publicado no Global Voices Online. Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português, com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui
3 comentários
O Genocidio Armênio foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas, pelo Parlamento Europeu e pelos parlamentos de Armênia, França, Italia, Russia, Uruguai, Canada, Bélgica, Argentina, Venezuela, Chile, Grécia, Chipre, Suiça, Suecia, Holanda, Polônia, Lituânia, Slovaquia, Libano e Vaticano.
A Assembleia da Republica Portuguesa tem que reconhecer o Genocidio Armênio.
Porque o Brasil ainda não reconheceu,por ser membro das Nações Unidas não é suficiente é? Quando é que este meu país vai crescer meu Deus?
Zélia Pinheiro
Goiânia-Goiás-Brasil