Coréia: O caso dos missionários seqüestrados no Afeganistão

O pastor sênior da Igreja Saemmul, que enviou 23 voluntários coreanos para o Afeganistão, foi renomeado em 30 de setembro. O acontecimento fez com que blogueiros relembrassem o caso dos missionários seqüestrados.

“Aconteceu, como eu esperava.
O pastor sênior da Igreja Saemmul, Park Eun-jo, foi renomeado com apoio de 93 por cento desta vez. Sei que cristãos coreanos são fechados e egoístas, mas ele foi a figura principal que causou uma tragédia nacional, o incidente com os reféns no Afeganistão. Como podemos ver em sociedades comunistas, ele recebeu mais de 90 por cento de apoio. Como cidadão que vive num país democrático, eu me sinto desligado dessa sociedade.
Não sou cristão e não conheço o pastor. Não sei quanto é sincero em sua religião e quanto se importa com as pessoas à sua volta. Mas se ele parasse para reconsiderar, deveria deixar a igreja. Teria mostrado, para as pessoas que não são cristãs, que ainda há esperança para o cristianismo coreano.
O que o faz tão obcecado por sua posição?
Ainda há muitas ovelhas frágeis que ele deve salvar? Ou é difícil esquecer sobre a propriedade da igreja que ele acumulou? Não sei bem, mas ele tem sido o principal pastor da igreja que tem mais de 3.000 fiéis. Acredito que sua vida ficará bem sem a atividade pastoral”.

Alguns blogueiros discordaram dele, por ter comparado cristianismo a comunismo:

“Comunista… é demais. Eleição em igreja é diferente de eleição política. Contanto que o pastor não tenha problemas em relação a corrupção e não tenha problemas pessoais, é natural que seja renomeado. Seria mais surpreendente se a renomeação não tivesse acontecido. Se trocassem de pastor, muitos fiéis iriam para outras igrejas. Além disso, foi ele que construiu a Igreja Saemmul. O motivo pelo qual é diferente de eleições políticas, é que mesmo que não gostem do presidente eleito, as pessoas não deixam o país. Mas uma igreja é construída por um pastor, não pelos fiéis. Portanto, se os fiéis não gostam do pastor, eles imediatamente mudam para outra igreja. Estou muito surpreso que houve 7 por cento de oposição”.

Outro blogueiro fala sobre diferentes pontos de vista, dentro e fora dos limites cristãos:

“O resultado seria outro se o pastor tivesse cometido crimes horrendos. De acordo com a visão da própria igreja, os reféns e a igreja não achariam que seus atos foram errados. A primeira e mais importante virtude da igreja é “missão (ajudar não-cristãos a entrar no mundo cristão).” Portanto, os fiéis conscientemente ou não, fazem o seu trabalho e o que fazem não pode ser alvo de crítica. Se eles criticarem seu próprio comportamento, significa que não seguem a doutrina cristã e isso é considerado heresia. Como podemos esperar que aquelas pessoas critiquem o pastor e os fiéis?
Eles realizam suas missões em países atrasados… mesmo que eles desobedecessem a normas nacionais e traíssem suas famílias, e o que fizessem pudesse causar qualquer tipo de sacrifício, é um comportamento de “heróis” no mundo cristão. Os cristãos vão reverenciar aqueles missionários mais e mais e não vão direcionar suas críticas contra eles.

Eu li uma coluna de jornal e o ponto principal era que as pessoas que estão transtornadas em relação ao incidente dos reféns são todas anti-cristãs. A maioria das pessoas das classes média e alta são cristãs e, portanto, anti-cristãos que são pobres expressam sua aversão a outras classes de uma maneira errada nesse incidente. A coluna disse que é por isso que essas críticas sem sentido não param. Quem se importa se são budistas, fiéis da Unificação, ou qualquer outro tipo de religiosos? Existem tantas pessoas que têm vidas prósperas e significantes, sem religião…”

A renomeação do pastor levantou outra questão relacionada ao caso dos reféns:

A mídia do Afeganistão disse que as duas reféns que foram libertadas antes, foram estupradas duas semanas antes da libertação.
Até alguns internautas admitiram: “Aqueles seqüestradores não libertaram duas reféns que não menstruaram? O motivo pelo qual eles as libertaram exatamente depois de um mês, deve ser que ficaram com medo que elas possam dar à luz lá se o pagamento do resgate demorar demais.”
A mídia não teve acesso às duas reféns e elas foram examinadas em segredo num hospital militar.
ABC News relatou que as duas mulheres confessaram que foram repetidamente estupradas e portanto a negociação foi tranqüila depois disso. A mídia local nunca mencionou nada disso, mas a mídia externa até mostrou essa notícia com testemunhas e nossos cidadãos ficaram perplexos.

Mas as reféns disseram que irão processar ABC News por difamação.

E,

Sobre essa reportagem, uma pessoa que trabalha numa agência coreana da ABC News respondeu: “Não conheço bem os fatos”, em entrevista por telefone a Freezone News em 3 de setembro. A pessoa acrescentou: “Acho que devem ter feito um artigo sobre o caso porque julgaram que a informação que eles tinham era correta” e “quem julga isso é a agência principal”…

Pela verdade não comprovada, aquelas mulheres seriam vistas como algumas que perderam coisas especiais. Devido a um feminismo atrasado, elas podem ser acusadas de ser sujas e não conseguir casar. Que desgraça será se aquelas reféns passarem por tanto sofrimento duas vezes!…”.

(texto original de Hyejin Kim)

 

O artigo acima é uma tradução de um artigo original publicado no Global Voices Online. Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português, com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui.

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