O presidente do senado brasileiro, Renan Calheiros, foi recentemente absolvido de acusações de suborno por 40 contra 35 votos em uma sessão secreta no Senado. Calheiros foi acusado de ter despesas pessoais pagas por uma construtora em troca de favores políticos. Ele foi absolvido mesmo depois que o Conselho de Ética do Senado concluiu sua investigação acusando o senador de quebra de decoro e recomendando o seu impeachment.
Sentindo-se insultados enquanto Calheiros se livrava ileso, muitos blogueiros em todo o país começaram um Bombardeio Google no Senado e em menos de 24 horas eles conseguiram o que almejavam: o site do Senado é o primeiro resultado no Google (Brasil e EUA) quando se digita “vergonha nacional”. A página aparece diretamente quando o internauta clica em “Estou com sorte”.
Tudo começou com essa postagem, de Rodrigo Stulzer do Empirical Empire, no qual ele conseguiu juntar quase cem comentários e trackbacks:
“Faça o link: Vergonha Nacional. Não demora nem cinco minutos”
Por uma coincidência cibernética, em outro canto do país Bender Blog teve a mesma idéia:
Ao invés de sair por aí postando que o Senado é a vergonha nacional sugiro fazer algo diferente:
VERGONHA NACIONAL
Quanto mais gente lincar estes termos da forma que eu fiz, mais rapidamente o Google mostrará para o mundo que o senado brasileiro é a vergonha nacional. E então, alguém a fim de colaborar?
Muitas pessoas se mostraram muito interessadas em ajudar e ainda mais rápidas em responder à campanha. Rodrigo Stulzer celebra o sucesso da campanha:
“A blogosfera acabou de mostrar a sua união! Em menos de 24 horas de campanha conseguimos colocar o site do senado federal como sendo a primeira resposta quando procurado o termo Vergonha Nacional, no google. Se quiser experimente você mesmo clicando aqui. Parabéns a todos os cidadãos que defendem o seu país!”
Vendo o sucesso da campanha, Bianca B do Não Pertube acha que ciber-ativismo é o caminho certo. Ela diz:
“Acredito que iniciativas como essa se utilizando sa internet – coisa que usamos e conhecemos muito bem – só tende a ser cada vez melhor sucedida, e cada vez melhor planejada e com efeitos cada vez melhores”
Marcio Merlone do Merlone’s Binary Log acredita que esses protestos podem vir a ser a semente de mudanças maiores. Ele espera que:
“Ações isoladas como um Google Bombing não farão qualquer mudança em nada, porém em conjunto, as ações isoladas formam as sementes de modificações maiores amanhã. Os resultados sim serão motivo de orgulho, não estas ações”
Outros blogueiros encontraram formas diferentes para protestar. No Blog do Cobra é possível encontrar uma lista de e-mails dos senadores, caso os internautas queiram dar um alô. Burajiru está promovendo um bolão para descobrir quais senadores não estão dizendo a verdade nesse caso: foram apenas 35 votos contra a absolvição de Renan, mas até agora 46 senadores disserem que votaram dessa forma. O blogue 30 & Alguns disponibiliza uma lista de todas as notícias e postagens relacionadas ao assunto encontradas na internet. E muitos blogueiros publicaram um pequeno anagrama em vídeo, feito pela Paim Comunicação para a Bienal B, a mostra de arte contemporânea de Porto Alegre, no qual a palavra senador vira desonra:
O primeiro Bombardeio Google bem-sucedido do Brasil direcionava a página da biografia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a buscas de “despota cachaceiro”. Em uma escala internacional, todo mundo deve ter caído no curriculum de George Bush ao digitar “miserable failure” ou apenas “failure”. Desde então, Google anunciou que eles agora têm “um algorítimo que minimiza o impacto de muitos Bombardeios Google”.
(texto original de Paula Góes)
O artigo acima é uma tradução de um artigo original publicado no Global Voices Online. Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português, com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui.
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