- Global Voices em Português - https://pt.globalvoices.org -

Bolívia: Ministro questiona ajuda dos EUA

Categorias: Artigo popular, Um mês , 1º artigo, 2 artigos , Três meses , 5 artigos , Seis meses , 10 artigos , Uma ano , Dois anos , 25 artigos , Cinco anos , Dez anos , América Latina, Bolívia, Desenvolvimento, Política

O Ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, questionou publicamente a natureza da ajuda enviada pela Agência para o Desenvolvimento Internacional dos EUA (USAID). Além disso, as acusações retratam algumas das organizações não governamentais e seus funcionários, que recebem fundos da USAID, como desestabilizadoras do governo e outras como traidoras do país. Quintana chegou ao ponto de fornecer nomes dos acusados de receberem esses fundos com propósitos escusos. Isso fez com que alguns blogueiros viessem a defender aqueles apontados pelo ministro, enquanto outros investigaram os antecedentes do ministro, que fez essas acusações públicas.

Um dos acusados foi Carlos Hugo Molina, ex-prefeito de Santa Cruz. Ele tem seu próprio blogue, chamado Ágora [ES], onde ele aproveitou para dirigir-se ao ministro [1]. A seção de comentários demonstra o apoio que ele tem entre a comunidade de blogueiros. Recentemente, ele também escreveu sobre a conferência de Bloguivianos [ES] [2].

“El Ministro de la Presidencia, con Cédula de identidad: 2663228 L.P., nacido el 3 de diciembre de 1959, en la ciudad de Cochabamba – Bolivia, ha tenido a bien, junto con otros ciudadanos bolivianos, mi hermano Roberto Barbery Anaya entre otros, de calificarme de “vendepatria”.

Muchas gracias. Me ha permitido reencontrarme con muchos amigos y amigas que no sabía de su existencia hace algunos años. Y de abrazarme con los de siempre.

Carlos Hugo Molina, ciudadano en ejercicio.”

“O Ministro da Presidência, com cédula de identidade: 2663228 L.P., nascido em 3 de dezembro de 1959, na cidade de Cochabamba – Bolivia, achou de me qualificar, junto com outros cidadãos bolivianos, como meu irmão Roberto Barbery Anaya entre outros, de “vendedor da pátria”. Muito obrigado. Me permitiu que me reencontrasse com muitos amigos e amigas de quem não ouvia há alguns anos. E de me abraçar com os de sempre. Carlos Hugo Molina, cidadão em exercício.”

Respondendo às acusações do ministro, Rosa Jiménez Cano se pergunta [ES] [3]:

“¿Por qué cuándo alguien reclama algo mejor para su país y lo critica abiertamente lo tachan de vende-patrias?”

“Por que quando alguém pede algo melhor para o seu país e o critica abertamente é tachado de traidor da pátria?”

Miguel Centellas do Pronto*, um professor de ciências políticas, dá uma olhada nas acusações de Quintana e como pode se comparar com a ajuda dada por outros países [En]

A day after a regionalist opposition-led strike, Bolivia’s government shot back. It has frequently attacked the opposition for its ties to the US & other international NGOs (such ties do exist, of course), specifically singling out the US for its “political” aid. Of course, isn’t all aid “political”? Or does Venezuela’s millions in military & other aid not serve a “political” purpose? But today’s attacks resembled a witch hunt.”

“Um dia após uma greve articulada por uma oposição regionalista, o governo da Bolívia atira de volta. Ele ataca frequentemente a oposição pelos seus laços com os EUA e outras ONGs (laços que existe, claro), especificamente destacando os EUA pela sua ajuda “política”. É claro, não é toda ajuda “política”? Ou será que os milhões da Venezuela em ajuda militar e de outros tipos não servem a um propósito “político”? Mas os ataques de hoje lembram um ataque às bruxas.”

Muitas ONGs recebem fundos do exterior e alguns blogueiros se perguntam por que os EUA foram isolados na acusação. Na verdade, alguns deram uma olhada no currículo do Ministro Quintana [4] que foi publicado no site do governo e descobriram que ele já teve conexões com ONGs estrangeiras. Rubens Barbery do blogue Metafora [ES] escreve [5]:

“Sorprende el cinismo del Ministro de la Presidencia Quintana al acusar a instituciones como desestabilizadores de la democracia por el hecho de trabajar con la “cooperación imperialista” en proyectos de desarrollo, siendo él, fundador y principal responsable del “Observatorio de Democracia y Seguridad”, institución que recibe financiamiento de la Cooperación Inglesa (interesante criterio para definir que cooperación es o no es “imperialista”).”

“O cinismo do Ministro da Presidência Quintana surpreende em acusar instituições de desestabilizadoras da democracia pelo fato de trabalharem com a “cooperação imperialista” em projetos de desenvolvimento, sendo ele, fundador e principal responsável do “Observatório da Democracia e Seguridade”, instituição que recebe financiamento de uma cooperação inglesa (interessante critério para definir que cooperação é ou não “imperialista”).”

Por fim, Centellas reage a um editorial que mergulha fundo no passado do ministro e publica o seguinte artigo: “Quem é Juan Ramon Quintana?” [6] [En]

“Juan Ramón Quintana himself once participated in the Banzer regime (he was aide to Fernado Keiffer, Banzer’s defense minister). None of this is secret; you can view his online vita. Like many other Bolivian social scientists, his work ties him to such NGOs as USAID, ILDIS, PIEB, the Konrad Adenauer Foundation, and others. What was that about people in glass houses?”

“Juan Ramón Quintana em si foi participante do regime Banzer (ele teria que ajudar Fernado Keiffer, ministro da defesa de Banzer). Nada disso é segredo; você pode ver sua vida online. Como muitos outros cientistas sociais bolivianos, seu trabalho o liga a ONGs tipo USAID, ILDIS, PIEB, a Konrad Adenauer Foundation e outras. O que dizer das pessoas com telhado de vidro?”

(texto original de Eduardo Avila [7])

 

Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português [8], com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista [9]. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui [8]. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui [10].