Marrocos: Eleições próximas

As eleições legislativas marroquinas[En] está assomando – com 33 partidos, com uma lista de 1870 candidatos locais e uma lista de 26 candidatas nacionais mulheres todos concorrendo pelos 325 assentos do baixo parlamento, as eleições[En] provarão ser interessante.

Esse ano marca a oitava eleição legislativa do Marrocos, que começou em 1960, logo após a independência do Marrocos. O Parlamento foi dissolvido pelo  Rei Hassan II[En] em 1965, mas as eleições recomeçaram em 1969, embora com um tom diferente. Driss Basri[En], que recentemente morreu[Pt], segundo relatórios, falsificou votos (dentre outras ofensas), levando ao descrédito do processo democrático marroquino.

Apenas nos últimos 10 anos que as eleições ganharam características de uma democracia. Rei Mohammed VI[En] esforçou-se muito para que o processo fosse justo; desde 1997, listas proporcionais de candidatos foram usadas como base para eleições. Em acréscimo, uma lista nacional de candidatas femininas foi formada para preencher 30 cadeiras parlamentares (embora as mulheres também possam preencher as outras 295 cadeiras).

Para as duas próximas semanas, darei a maior cobertura possível das eleições marroquinas à medida que elas acontecerem.

Ibn Kafka[En], que comumente bloga em francês, escreveu uma análise detalhada em três partes das eleições próximas (veja a parte um[En], e a parte dois[En]) em que ele explica a história das eleições, assim como da repressão. Da última ele diz:

“It would be wrong to think that these practices have stopped: they have merely subsided, since the fragmentation of the Moroccan political scene, with thirty-three parties competing in the 2007 elections and a few other who haven’t bothered, means that no clear opposition, save of course the PJD, emerges. The current electoral system, in place since 2002 and based on proportional representation ensures that no party can emerge with an outright majority. The only conceivable parliamentary majority is thus a coalition of parties – and to underline the structural character of this partisan fragmentation, Morocco is probably the only country having experienced the first-past-the-post electoral system for six elections in a row (1963, 1970, 1977, 1984, 1992 and 1997) without ever having known a bipolar partisan system or a party winning an outright majority of seats in Parliament. Of course, this was the intended outcome under Basri’s watch, and his successors under Mohammed VI’s reign have only had to fine-tune things a bit.”

“Seria errado pensar que essas práticas terminaram: elas apenasse aquietaram, desde a fragmentação da cena política marroquina, com trinta e três partidos competindo nas eleições de 2007 e algum outro que nem se incomodou, significa que não há nenhuma oposição clara, salvo claro o PJD, emergindo. O atual sistema eleitoral, em vigor desde 2002 e baseado em representação proporcional assegura que nenhum partido pode emergir com uma maioria avassaladora. A única maioria parlamentar concebível é através de uma coalisão de partidos – e para sublinhar o caráter estrutural dessa fragmentação partidária, o Marrocos é provavelmente o único país que experenciou o primeiro first-past-the-post sistema eleitoral por seis eleições consecutivas (1963, 1970, 1977, 1984, 1992 and 1997) sem sequer ter conhecido um sistema partidário bipolar ou um partido ganhando a grande maioria das cadeiras do Parlamento. Claro, essa era a consequencia pretendida sob os olhos de Basri, e seus sucessores sob o reinado de Mohammed VI apenas tiveram que afinar as coisas um pouco.”

Outra preocupação entre os eleitores marroquinos é o comparecimento às urnas. Apesar das várias campanhas deste ano para encorajar o voto (particularmente dentre os jovens), há aqueles como Soumiaz[En] que estão preocupados:

“I just wanted to share with you- and you can quote me on this, NEITHER THE GOVERNMENT, NOR THE KING WILL CHANGE ANYTHING, we have to claim the change! We Moroccans have to start thinking and acting as citizens. Kick your representatives’ butts, make them work … show them that you are no longer a subject but “un citoyens Marocains comme il se doit”. [a Moroccan citizen, as it should be]

For a long time, we let ourselves be misled; the administration is the servant and not us. Remind the clerk who is giving you an attitude “au service des mines,” that he/she was hired to serve you and that if it were not for you she/he would be still waiting at the temps agency… that will hopefully remind them who they are.
Don’t give away your voice, VOTE. That is the only way for us to reclaim our BEAUTIFUL country.”

“Apenas gostaria de compartilhar com vocês – e vocês podem me citar nisso, NEM O GOVERNO NEM O REI IRÃO MUDAR ALGUMA COISA, temos que clamar pela mudança! Nós marroquinos temos que começar a agir e pensar como cidadãos. Chute o traseiro de seus representantes, faça-os trabalhar … mostre a eles que você não é mais um súdito mas “un citoyens Marocains comme il se doit”. [um cidadão marroquino, como se deve ser]

Por muito tempo nos deixamos ser mal dirigidos; administração são os servidores e não nós. Relembre o clero de quem está te dando uma atitudo “au service des mines,” que ele/ela foi contratado para lhe servir e que se não fossem por vocês ele/ela ainda estariam esperando nas agências temporárias… esperamos que isso os lembrará quem eles são.

Não desperdice sua voz, VOTE. Esse é o único modo de reconquistarmos no BELO país.”

Agadir Souss [Fr] também está preocupado:

“A la veille des législatives du 7 septembre liées intrinsèquement au projet démocratique marocain –avec à la clé un nouveau gouvernement et un nouveau Premier Ministre élu par le peuple– beaucoup d’électeurs connaissent trop peu de choses sur la trentaine de partis politiques en lice pour les commandes du Royaume. Certes, les compagnes électorales viennent de débuter, mais l’on connaît déjà les atouts et les objectifs de chacun.”

“Com o dia após as eleições legislativas de 7 de Setembro intrinsicamente relacionadas com o projeto democrático marroquino – com a chave para um novo governo e um novo Primeiro Ministro eleito pelo povo – muitos eleitores não sabem o suficiente sobre os trinta partidos politicos concorrendo para governar o Reino. Admito, as campanhas eleitorais apenas começaram, mas sabe-se já dos objetivos e valores de cada um.”

Rissani Election Wall

Amazigh Blog [Fr] não está tão confiante que as coisas tenham mudado:

Mais QUOI DE NEUF en 2007?

Personnellement, si je devais résumer le tout en un seul mot, je dirais RIEN.

La démocratie?

Depuis belle lurette je ne crois plus en la politique marocaine, surtout quand il s’agit des urnes. Tous les partis prêchent pour la démocratie, mais qu’en est-il vraiment?”

“O QUE HÁ DE NOVO EM 2007? Pessoalmente, se eu tivesse que resumir em uma palavra eu diria: NADA.

Democracia?

Não confio nos políticos marroquinos por um longo tempo, especialmente quando se trata das urnas. Todos os partidos pregam democracia, mas o que é democracia de verdade?

Myrtus[En] compartilha notícias de uma candidata judia marroquina concorrerá a uma cadeira no Parlamento:

“It was big news around the world a few years ago, when a record amount of women were appointed to fill various positions in Moroccan parliament which was considered unique in the Arab/Muslim world. Now we have yet another noteworthy situation, equally deserving praise.”

“Foi uma grande notícia ao redor do mundo alguns anos atrás, quando um número recorde de mulheres foram indicadas para preencher várias posições no parlamento marroquino o que foi considerado único no mundo àrabe/Mulçumano. Agora temos uma outra situação digna de nota, igualmente merecedora de elogios.

Ange Bleu [Fr] está frustrado com a falta de jovens nas listas de candidatos:

“Tous les marocains connaissent ces visages, pour cause : ces gens là occupent la scène politique marocaine depuis l’indépendance.
Le plus jeune d’entre eux A « tenez-vous bien » : 76ans. c’est des veritables Dinosaures.

“Todos os marroquinos reconhecem esses rostos, por boas razões: esses cavalheiros têm ocupado a cena política do MArrocos desde a independência. O mais novo deles tem… 76 anos. Eles são verdadeiros dinossauros.

O blogueiro acrescenta:

“On veut des jeunes bien formés avec de nouvelles idées et de nouveaux projets.”

“Queremos jovens educados com novas idéias e novos projetos.”

As palavras finais de Ange Bleu’ parecem ecoar os sentimentos que se escuta por toda blogosfera. Veja mais cobertura das eleições marroquinas aqui nas semanas seguintes.

Foto sob uma licensa Creative Commons por pintxomoruno[En]

(texto original de Jillian York)

 

 O artigo acima é uma tradução de um artigo original publicado no Global Voices Online. Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português, com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui.

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