Blogosfera Síria: Reformas, Nacionalismo árabe e Viagens

A blogosfera pareceu um pouco mais relaxada nas últimas semanas, depois dos tensos debates a respeito do Fórum do Alto de Golan, da Creative Syria.

Começamos com Yaman Salahi[EN], um blogueiro sírio estudando na UC Berkeley. Yaman, que criou um blogue chamado Lee Kaplan Watch [Observatório de Lee Kaplan, em inglês], estava sendo processado pelas coisas que vem escrevendo. Ele diz[EN]

“As a student at UC Berkeley, the center for the Free Speech Movement, I never thought I’d find myself at the receiving end of a politically-motivated libel lawsuit. I am the creator of a blog called “Lee Kaplan Watch” which focuses on analyzing the integrity of Kaplan’s published articles. When he discovered the website, Kaplan began a campaign of intimidation, including e-mail threats of legal action and various online smears alleging that I was a Nazi, a Ba`athist, and a member of al-Qaeda. He threatened to harass me and members of my family, and even went so far as to contact the Dean of Student Life at the university. After asking me to stop writing about his work several times, he finally filed a lawsuit against me in small claims court for “tortious business interference,” libel, and slander.”

“Como um estudante de Berkeley, o centro do Movimento pela Liberdade de Expressão, eu nunca pensei que me encontraria como o receptor de um processo de difamação políticamente motivado. Eu sou o criador de um blogue chamado ‘Observatório de Lee Kaplan’, que se propõe a analisar a integridade dos artigos que Kaplan publica. Quando ele descobriu o site, Kaplan começou uma campanha de intimidação, incluindo ameaças por email de ações legais e vários ataques online alegando que eu era um Nazista, um Ba'athista, e um membro do al-Qaeda. Ele ameaçou perseguir a mim e aos membros da minha família, e chegou até ao ponto de contactar o Reitor de Vida Estudantil da universidade. Depois de me pedir várias vezes para que parasse de escrever sobre seu trabalho, ele finalmente me processou no tribunal de pequenas causas por ‘interferência ilegal em negócios’, calúnia e difamação.”

Para ir em frente rumo a outro debate que está acontecendo na área da Síria, Abu Kareem do Levantine Dreamhouse[EN] publicou uma mini-agenda de reformas[EN] que foram sugeridas por Majhool, um dos comentadores de uma blogada anterior. A agenda incluía muitos pontos. Estes eram a respeito do Líbano:

“2) Lebanon:
a. Support a consolidated pro-Syrian, accountable, & strong government in Lebanon
i. Improve relations with Sunni and Maronite communities
ii. Support the independence of the Lebanese government
iii. Replace the corrupt pro-Syria base of support in Lebanon by more accountable and legitimate (representative) base.
iv. Eliminate all Syrian financial corruption in Lebanon
v. Work with the Lebanese government to gradually and systematically eliminate all armed militias including Hizbollah
vi. Support replacing the confessional system with accountable representative system that will strengthen the Lebanese state”

“2) Líbano:
a. Apoiar um governo consolidado pró-Síria, responsável e forte no Líbano
i. Melhorar as relações com as comunidades Sunita e Maronita
ii. Apoiar a independência do governo libanês
iii. Substituir a corrupta base de apoio pró-Síria no Líbano por uma base mais responsável e legítima (representativa).
iv. Eliminar toda a corrupção financeira síria no Líbano.
v. Trabalhar com o governo libanês para gradualmente e sistemáticamente eliminar todas as milícias armadas incluindo o Hizbollah
vi. Apoiar a substituição do sistema confissional por um sistema representativo responsável que irá fortalecer o Estado Libanês.”

Wassim, do Maysaloon[EN], foi bastante contrário às sugestões, o que deflagrou um acalorado debate nos dois blogues. Em sua resposta ao post de Abu Kareem em seu próprio blogue, Wassim disse[EN]

“His second point on Lebanon is laughable and sounds like it has come straight from the Pentagon. He begins by talking about supporting a pro-Syrian, accountable and strong government but I assume he is referring to the Syria which is ‘responsible’ enough to make ‘peace’ with Israel. He then lists off a number of demands he feels would make the Syrian government more palatable for his sensitive political taste buds. Of course he wishes the complete dismantlement of Hezbullah, the first real resistance to Israel since 1948 if ever which makes one wonder what passport he holds and if he is even from the region?”

“Seu segundo ponto sobre o Líbano é ridículo, e soa como se tivesse vindo diretamente do Pentágono. Ele começa falando a respeito de se apoiar um governo pró-Síria, responsável e forte, mas eu acredito que ele esteja se referindo à Síria que foi ‘responsável’ o bastante para fazer a ‘paz’ com Israel. Ele então lista uma série de demandas que ele acredita que tornarão o governo sírio mais palatável para suas sensíveis papilas. É claro que ele deseja o completo desmantelamento do Hizbullah, a primeira verdadeira resistência a Israel desde 1948 se é que houve alguma. Isso me faz pensar qual o passaporte que ele possui e se ele sequer é da região.”

Enquanto isso, outro debate estava acontecendo no Arab Democracy[EN] a respeito do conceito de Nacionalismo Árabe. Joseph, em sua blogada, parece pensar que “‘assassinando’ o Nacionalismo Árabe nós seremos capazes de formular uma melhor visão do Oriente Médio, com uma dimensão Árabe em seu seio.”

“I belong to a Minority in the Middle East. A Religious minority by birth and an Ideological minority by choice. Having been tempted by Arab nationalism in my youth as an alternative to narrow sectarian-minded enterprises with no horizon, I soon came to realize that in practice, far from being a liberating project, it carried in itself the seeds of discord and exclusion.”

“Eu pertenço a uma minoria no Oriente Médio. Uma minoria religiosa por nascimento e uma minoria ideológica por escolha. Tendo sido tentado pelo Nacionalismo Árabe em minha juventude, como uma alternativa para iniciativas de pensamento estreito e sectário que não tinham nenhum horizonte, eu bem cedo descobrí que na prática, muito longe de ser um projeto libertário, ele carregava em seu seio as sementes da discórdia e da exclusão.”

Para fechar, nós terminamos com outra jornada do Abu Fares [literalmente Abu Viaja, em inglês]. Desta vez ele nos leva com ele em sua viagem de negócios de 11 dias por 5 cidades no velho continente ao lado: a Europa.

” Eleven days, twelve flights, five cities, lonely nights in strange hotels, exasperating meetings around oak tables, luxurious meals in fine restaurants, dazzling looks of beautiful women and here I am again, back where I have started.

Traveling has always pleasantly surprised me. The anticipation before reaching a new city and the longing to return to mine. The things I would do, the places I would see, the people I would meet and the memories that will creep up on me before I surrender to sleep. Smells, tastes, textures, colors and feelings are fresh and hold my senses like a first encounter with a mysterious woman.

“J’ai des mémoires de villes comme on a des mémoires d’amour”.”

“Onze dias, doze vôos, cinco cidades, noites solitárias em hotéis estranhos, reuniões exasperantes à volta de mesas de carvalho, refeições luxuosas em restaurantes finos, olhares impressionantes de belas mulheres e, aqui estou de novo, de volta a onde eu comecei.

Viajar sempre me surpreender prazeirosamente. A ansiedade antes de chegar em uma nova cidade e a vontade de retornar para a minha. As coisas que irei fazer, os lugares que irei ver, as pessoas que irei encontrar e as lembranças que irão me assaltar antes que eu me renda ao sono. Cheiros, gostos, texturas, cores e sentimentos são frescos e capturam meus sentidos como em um primeiro encontro com uma mulher misteriosa.

‘Tenho lembranças das cidades como as pessoas tem lembranças dos amores'”

(Texto original por Yazan Badran)

 

O artigo acima é uma tradução de um artigo original publicado no Global Voices Online. Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português, com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui.

21 comentários

  • O MPLA E A HARMONIZAÇÃO COM O FUTURO

    Do ponto de vista de carácter intelectual qual a força que o MPLA da segunda geração representa face ao anterior l?
    De que forma a força motriz intelectualizada, para poder ter uma certa representatividade e integração plena na hierarquia científica, produtiva, terciária, secundária e governativa deverá proceder?
    Com o tempo esta geração será cada vez mais diminuta.
    Esta integração plena e contribuição, a semelhança de uma rede de ligação com a geração dos descendentes do maqui para revalorizar, incrementar, desenvolver, perpetuar a mensagem e os valores do passado recriados numa visão pró-activa na criação de novos valores para fazer frente aos desafios.
    Delinear a melhor forma de reestruturar, melhorar, consolidar e fomentar competências na preservação e estimulação de recursos e manutenção de valores conquistados.
    A integração de novos valores não implica a destruição ou aniquilamento dos valores herdados arduamente construídos sob o signo da modernização.
    Não devemos deixar emergir de forma espontânea e promíscuo o desejo de mudança fácil e abrupto.
    O projecto de cidadania tem que comportar o respeito pela preservação de uma identidade.
    Por mais complexa ou tradicional, os actores reformistas terão que manter uma postura séria, coerente e pró-activa independentemente das novas motivações e arranjos institucionais que se pretendem introduzir nas novas culturas organizacionais.
    O MPLA tem a responsabilidade de capacitar os descendentes de milhares de antigos combatentes por uma questão de honra e compromisso face ao passado.
    Devemos fomentar o respeito e valorização contínua das conquistas que representam marcos históricos.
    O tempo deve afigurar-se como estimulador e fonte de criatividade institucional.
    A recriação dos valores deverá ser uma constante e não motivo de aniquilamento natural.
    O fenómeno de integração de novos valores culturais, tanto organizacionais e sociais deveriam ser bem optimizados e enquadrados para não provocar descontrolos.
    De que forma o testemunho para as próximas gerações será legado?
    De que forma os gurus do MPLA farão essa transferência?
    Será que os filhos saberão executar os ensinamentos sabiamente transmitidos para que a transição seja harmoniosa?
    Como será a descodificação de tudo isto?
    O futuro mais longínquo depende do presente e misteriosamente do passado gradualmente por descodificar.
    O MPLA é um só ,com uma complexidade interna própria de uma estrutura dinâmica e de auto-regeneração ,agilidade de pensamento , grande pragmatismo e interactivo.
    A fonte de pensamento tem motivos para ser distintiva porque possui modos próprios com certa ancestralidade invulgar, com tendências adaptativas, regeneradoras sempre com pendor de equilíbrio geoestratégico.
    Uma das preocupações centrais do MPLA deverá ser cumprir, respeitar a dignidade, respeitabilidade de todos sobreviventes do nacionalismo Angolano numa dimensão do universo civilizacional sempre dentro do espírito vivo.
    ESCRITO POR:
    AYRES GUERRA AZANCOT DE MENEZES

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