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Rising Voices, ajudando a População Global a tomar parte na Conversação Global.

Categorias: Liberdade de Expressão, Mídia Cidadã

Graças ao generoso apoio da Fundação John S. e James L. Knight [1], o Global Voices está iniciando um novo projeto de longo alcance, Rising Voices (Vozes que se Elevam), que almeja difundir os benefícios do jornalismo cidadão para regiões, línguas e comunidades que são atualmente pouco representadas na rede de conversas.

O Rising Voices servirá como o terceiro braço da tríade do Global Voices, composta pela amplificação [2] das vozes independentes pelo mundo afora, defendendo [3] seu direito de livre expressão e provendo acesso universal às ferramentas de jornalismo cidadão como descritas em nosso manifesto [4] de fundação. Para melhor entender como nosso foco evoluiu da simples agregação do conteúdo dos blogs mundo afora para esta nova e pro-ativa iniciativa de popularizar as ferramentas de mídia social entre as polulações sub-representadas, é importante olhar para trás, para 2004, quando o manifesto Global Voices foi inicialmente redigido, e no quão longe já fomos até agora.

Em dezembro de 2004 – ainda antes da explosão dos weblogs e podcasts que tornaram-se agora partes inevitáveis de nossas vidas diárias – os co-fundadores do Global Voices Ethan Zuckerman [5] e Rebecca MacKinnon [6] convidaram blogueiros do mundo afora para se reunirem em Cambridge, Massachussetts para o segundo dia da Conferência sobre Internet e Sociedade do Berkman Center [7]. Estes pioneiros bloguísticos da Malaysia, China, Iraque e além, concordaram que estamos assistindo o alvorescer de uma nova era da comunicação, na qual indivíduos do mundo afora podem finalmente se utilizar da rede descentralizada graças à disponibilidade de ferramentas de auto-publicação como blogs e podcasts, que transformaram radicalmente cada computador em sua própria editora e estação de rádio.

Este post não se presta a perpetuar o idealismo que domina a retórica sobre o jornalismo cidadão: mas justamente o contrário. De qualquer forma, é ainda válido olhar para trás, para os dois primeiros anos do Global Voices, e relembrar algumas histórias e conversas que exemplificam o que acontece quando cidadãos comuns recebem o poder de fazer suas vozes serem ouvidas e contar suas próprias histórias.

Em março de 2005, a administração do Presidente Askar Akayev no Quirguistão ruiu sob os protestos que logo vieram a ser chamado de Revolução das Tulipas [8]. Através da recentemente movimentada blogosfera, fomos presenteados com relatos, fotografias e análise em tempo real, conforme a situação se desenrolava [9]. O mesmo foi verdade uma semana depois [10] em Zimbabwe, onde o partido ZANU-PF (União Nacional Africana do Zimbábue) de Robert Mugabe extendeu seu controle sobre o país apesar das difundidas alegações de fraude eleitoral. Em abril de 2005, Ory Okolloh deu aos leitores de Global Voices sua primeira introdução à nascente comunidade blogueira do Kenya [11], que começou com uma forte base de blogs que observavam atentamente o governo, e que continuam a fazê-lo até hoje [12]. Um mês depois, foi a vez de Ndesanjo Macha nos presentear com nossa primeira visão da blogosfera falante de Swahili [13], que naquele momento ainda não tinha ainda mais do que quinze representantes.

Nós também recebemos reações imediatas quando o candidato favorito-dos-blogueiros iranianos Dr. Mostafa Moeen perdeu o primeiro turno das eleições de 2005 [14] e novamente em agosto quando os blogueiros locais protestaram contra os nomeados para o gabinete do recém-eleito presidente Ahmadinejad [15]. Enquanto a Wikipedia tornava-se o lugar para onde iam as informações minuto-a-minuto sobre os bombardeios londrinos de julho de 2005, o Global Voices ofereceu as reações iniciais dos blogueiros Muçulmanos [16] e falantes do Árabe [17] do Oriente Médio e do Norte da África. O debate sobre o Acordo de Livre Comércio da América Central e República Dominicana foi [18] e continua sendo tornado pessoal [19]. O Iraque não apenas se tornou uma nação importante para todos nós, mas também os agradecimentos individuais dos iraquianos à dedicada cobertura feita por Salam Adil [20].

Todos nós debatemos as áreas cinzentas entre a liberdade de expressão e incitação de violência após a publicação das famosas charges Dinamarquesas [21]. Da mesma forma, a Copa do Mundo do ano passado na Alemanha elevou o nacionalismo brincalhão na rede [22] a um novo patamar. A Revolução Nepalesa de Abril [23] de 2006 foi uma parte diária de nosso consumo de informação graças aos incansáveis relatos dos cidadãos na crescente blogosfera de Katmandu.

Não há dúvida de que o amplo entusiamo pelo compartilhamento de histórias locais para com leitores globais que define o Global Voices está um passo mais perto na direção de um mundo que favorece o diálogo e a compreensão acima da ignorância e força bruta.

Mas estes últimos dois anos também nos ensinaram que certas regiões do mundo, e certos grupos demográficos dentro destas regiões, se beneficiaram mais com a explosão do jornalismo cidadão do que outras. A maioria dos blogueiros e podcasters ainda tendem a ser de classe média ou média-alta. A maioria tem nível educacional universitário. A maioria vive em grandes cidades. E dos 70 milhões de weblogs atualmente rastreados pelo Technorati, 95% deles são escritos em apenas 10 línguas [24]. Na verdade, aquilo que frequentemente chamamos de ‘conversações globais’, é uma discussão privilegiada entre elites globais.

Estamos atualmente desenvolvendo um currículo de módulos de ‘how-to‘ (como fazer) multilíngues que irão ajudar coordenadores de workshops e ‘evangelistas’ do jornalismo cidadão que quiserem explicar para amigos e colegas como começar a blogar, fazer podcasts e vídeo-blogadas.

Estaremos em breve anunciando a primeira rodada de microfinanciamentos para propostas de projetos inovadores que extendam o alcance do jornalismo cidadão às comunidades que de outro modo difícilmente teriam contato com as novas ferramentas midiáticas como blogs e podcasts. Fiquem ligados para mais informações sobre como se candidatar a um financiamento e sintam-se à vontade para nos escrever a respeito de quaisquer preocupações, comentários ou sugestões no endereço outreach@globalvoicesonline.org [25].

Mais informações a respeito do Desafio Jornalístico da Fundação Knight delegado ao Global Voices estão disponíveis no website do Berkman Center [26].