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Irã: Mulheres Ativistas Detidas, Professores nas Ruas e Sussurros sobre a Guerra

Categorias: América do Norte, Oriente Médio e Norte da África, Estados Unidos, Irã, Ativismo Digital, Direitos Humanos, Educação, Guerra & Conflito, Liberdade de Expressão, Meio Ambiente, Mulheres e Gênero, Política, Primeira Mão, Protesto, Relações Internacionais

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O protesto pacífico de mulheres iranianas no domingo foi violentamente reprimido pela polícia e mais de 32 ativistas, incluindo vários jornalistas e blogueiros, foram presos [2]. Graças ao blogueiro Kossof [3] você pode ter acesso a algumas fotos [4] de ativistas que foram detidas. Blogueiros iranianos estão publicando detalhes sobre o que aconteceu, com fotos dos que foram presos e as motivações do protesto.

Cronologia da Repressão

Khorshidkhanoum nos dá um resumo do que aconteceu [5]:

50 dentre ativistas do movimento pelo direito das mulheres foram presas em frente à Corte Revolucionária de Teerã. As forças de segurança policial atacaram uma mobilização pacífica de ativistas pelo direito das mulheres que acontecia por volta de 08:30 da manhã em frente ao prédio público em protesto à recente repressão governamental e indiciamento de algumas das ativistas. As forças policiais usaram violência para dispersar a multidão, e prenderam pelo menos 21 manifestantes.

Nooshin Amhadi Khorasani, Parvin Ardalan, Shahla Entesari e Susan Tahmasebi — 5 destacadas membros do movimento pelo direito das mulheres — que tiveram que comparecer a audiência na corte saíram do prédio em socorro a suas colegas ativistas, e foram também detidas após deixarem a audiência.

O blogueiro acrescenta que os policiais bateram a cabeça de Nahid Jafari contra a viatura policial, e tais ações violentas resultaram em vários dentes quebrados. Os policiais recusaram-se a levá-la a atendimento emergencial.

Azadeh Pourzand afirma [6] que os organizadores de duas das maiores campanhas atuais, a ‘Apedrejamento Nunca Mais [7]‘, e ‘1 Milhão de Assinaturas para Mudar a Lei Discriminatória’, estavam entre as defensoras dos direitos das mulheres atacadas pela Polícia de Segurança Nacional.

Ela conclama os leitores a assinar uma petição [8] e solicita às autoridades judiciárias que liberem as mulheres ativistas. Nesta petição está escrito:

Vossa Excelência, Nós, abaixo-assinados, estamos nos dirigindo V. Exa. para expressar nossa grande preocupação com as recentes perseguições e processos sofridos pelos defensores dos direitos das mulheres no Irã. Estamos especialmente preocupados com as notícias de recentes detenções de 38 mulheres dos movimentos de defesa dos direitos das mulheres no dia 4 de março de 2007, em Teerã, quando mobilizadas em protesto pacífico diante da Corte Revolucionária Islâmica.

Franaz, que reporta sobre este evento desde o início diz que uma dentre as mulheres presas foi agredida pela polícia e teve o dente quebrado [9] [Fa].

Jomhour diz que Ahmadinejadism é contra o movimento pelos direitos das mulheres e por isso a manifestação foi reprimida. Para este blogueiro, isto pode ser um aviso do que está por vir na manifestações programadas para o dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher [10] [Fa].

Omid Memarian publica o relato de uma testemunha ocular em seu blog [11], onde lemos:

no website Zanane Solh (Mulher de Paz), uma testemunha ocular presente à manifestação reportou sua versão dos fatos: “Após apanharmos os cartazes alguns policiais uniformizados e à paisana, dos quais uma era mulher, apareceram. A polícia se aproximou e solicitou que nos retirássemos porque não tínhamos permissão para realizar aquela manifestação. Uma de minhas amigas disseram que de acordo com a Constituição, manifestações pacíficas não precisam de permissão. Os policiais argumentaram que a manifestação estava atrapalhando o tráfego na Avenida Moallem. Eles então atacaram a formação de manifestantes.

Protesto de Professores

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Neste sábado milhares de professores realizaram uma manifestação em frente ao Parlamento em Teerã. Kossof, um dos principais foto-bloggers fez algumas fotos do evento [12].

De acordo com o blog Kargar, cerca de seis mil professores protestaram pedindo melhores condições de trabalho e aumento de salários [13] [Fa]. O blogueiro reporta que os palestrantes nesta manifestação lembravam os 700 mil professores que vivem na miséria no Irã. As políticas de Ahmadinejad foram criticadas e os professores ameaçaram entrar em greve.

Susurros de Guerra

Problemas internos como repressão e questões econômicas podem se agravar se acontecer uma guerra entre Irã e Estados Unidos. Existem muitos iranianos e americanos que não confiam nas declarações do governo americano de que não existe um plano de guerra contra o Irã.

Nikahang, um dos principais cartunistas e blogueiros, mostra seus sentimentos em um de seus cartoons [14] publicado abaixo.

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O blog ‘Forever Under Construction’ nos informa que não só os iranianos estão preocupados com a possibilidade de uma guerra entre Irã e EUA [15]. O blogueiro diz que a paz é a principal referência das pessoas, e que a guerra acontece de encontro a toda a sabedoria tradicional. A decisão em geral é tomada por um grupo pequeno dentro de uma elite, em seu favor, e com vistas a obter vantagens econômicas. O cidadão médio irá comprar a idéia, se alistar e cultivar a esperança de que ‘esta’ será aquela que irá ‘acabar com todas as guerras’.

Entre as mais fortes argumentações anti-guerra estão vozes militares, como a do General Smedley D. Butler. Dei uma passada no VoteVets.org, fundado por um grupo de veteranos da guerra do Iraque. Quem se interessar pelo tema, terá muito material no Newsroom deste website. Buscam levantar questões sobre novos princípios para uma mudança: a guerra não é a resposta.

Ahmad Shirzad um ex-deputado reformista do parlamento iraniano escreveu que deveríamos, no Irã, procurar saber quem fica com o lucro das compras de centrífugas e outros materiais nucleares [16] [Fa]. Ele acrescenta que os investimentos nucleares não tem acontecido de forma transparente, e que o parlamento não teve nenhuma notícia sobre o assunto nos últimos 24 anos. Diz ainda que a tecnologia nuclear é atrativa para países do terceiro mundo pelo fato de ser considerada um atalho para o desenvolvimento. Shirzad afirma que países que acalentam este sonho pensam que podem alcançar os países desenvolvidos da noite para o dia.